Ao começar a sua fala no 8º Encontro Paulista de Fundações, realizado no dia 13 de setembro, em São Paulo, Ana Valéria Araújo, coordenadora executiva do Fundo Brasil, propôs a reflexão sobre diferentes contextos: a promulgação da Constituição de 1988 e a morte do líder seringueiro Chico Mendes (em dezembro do mesmo ano), e o momento atual.
A reflexão fez parte do painel “O protagonismo da sociedade civil no desenvolvimento”, que objetivou pensar o significado atual de desenvolvimento, como ele ocorre no país e de que forma é possível aliá-lo a promoção da igualdade.
Seguindo uma linha histórica, os palestrantes comentaram sobre a importância da sociedade civil e de organizações e movimentos sociais, enfatizaram a luta pela redemocratização do Brasil e de como, mesmo com uma nova Constituição, o país ainda falha ao proteger direitos. O painel ainda ponderou sobre a função da sociedade civil no desenvolvimento brasileiro.
Para o professor doutor da Universidade de São Pulo (USP), José Reinaldo de Lima Lopes, a sociedade civil tem um papel importante, pois atua no campo de conflito entre a própria sociedade e as instituições políticas. De acordo com ele, é necessário estabelecer um nível de confiança entre as duas instâncias. O professor lembrou ainda que foram os movimentos sociais que construíram a democracia que temos hoje.
Ana Valéria complementou enfatizando o papel da sociedade civil organizada de qualificar demandas, pressionar órgãos públicos e cobrar uma gestão eficiente. Para a coordenadora executiva do Fundo Brasil, o país avançou economicamente, em seus índices sociais e agora luta para que o desenvolvimento seja para todos.
Com dados sobre o engajamento e otimismo do jovem brasileiro, Marcella Monteiro de Barros Coelho, coordenadora do Instituto Empreender Endeavor, comentou sobre como estes jovens tem associado o inconformismo ao engajamento, realizando pequenas revoluções que impactam o dia a dia das pessoas. Analisou, também, como os contatos via internet e as causas de diferentes temáticas tem feito com que os jovens se tornem mais solidários.
Encerrando o debate, Ana Valéria reforçou a importância de fortalecer a democracia no Brasil, por meio ao apoio a organizações do terceiro setor e de trabalhos como o do Fundo Brasil de Direitos Humanos. Para ela, as fundações devem se enxergar como importantes atores políticos.
O evento foi organizado pela Associação Paulista de Fundações (APF). Dora Silvia Cunha Bueno, presidenta da APF, esclareceu que o encontro aconteceu em um momento especial de ebulição popular e efervescência democrática e objetivou compreender os temas conjunturais mais relevantes para o Terceiro Setor. A programação ainda incluiu outros dois painéis: “A importância do Terceiro Setor para o desenvolvimento e o aperfeiçoamento da democracia” e “Inovação social e desenvolvimento – casos exemplares”.
Outras informações sobre o encontro: http://www.apf.org.br/fundacoes/