Se antes as organizações do sul global dependiam, quase que exclusivamente, de recursos doados por fundações do Norte, especialmente dos Estados Unidos e de alguns países da Europa, hoje, a nova ordem global caminha para modelos de financiamento multidirecionais e horizontais. A ideia é diversificar fontes, por meio da contribuição de indivíduos, empresas e fundos locais.
Este foi o norte do debate promovido no último dia do XII Colóquio Internacional de Direitos Humanos, promovido pela Conectas entre os dias 12 e 19 de outubro, em São Paulo. Com a participação de mais de 100 ativistas de 40 países, as novas estratégias das fundações internacionais que apoiam direitos humanos, combinada com a necessidade de imprimir uma legitimidade local, enraizando-se nos contextos dos países, foram amplamente discutidas.
Participaram da mesa Mona Chun (International Human Rights Founders Group), André Degenszajn (GIFE – Grupo de Instituto Fundações e Empresas), Louis Bickford (Ford Foundation), Ana Valéria Araújo(Fundo Brasil de Direitos Humanos), e Chris Stone (Open Society Foundations em vídeo), além da moderadora, Muriel Asseraf (Conectas).
O modelo adotado pelo Fundo Brasil de Direitos Humanos que cria uma alternativa no âmbito da filantropia local para apoiar as pequenas organizações de defesa de direitos, por meio de doações e ações de fortalecimento institucional, também ganhou destaque. Ana Valéria Araújo, coordenadora executiva da fundação, enfatizou a importância do Fundo Brasil ao promover a defesa dos direitos humanos no país e ao fortalecer instituições na ponta, antes não contempladas por outras fontes de recurso, e por suas temáticas complexas, para que possam buscar financiamentos adicionais.
Os palestrantes salientaram a necessidade das organizações de estabelecerem uma parceria com o doador, compreendendo suas estratégias e, principalmente, criando uma relação de confiança mútua. Também foi apontada a imprescindibilidade de conhecer o perfil de cada financiador, seus interesses temáticos e sua capilaridade de atuação.
Durante o debate, foi utilizada uma ferramenta de pesquisa interativa, no qual os participantes votavam nas respostas às perguntas propostas. Todas as questões envolviam as fontes de financiamento das organizações e mostraram um panorama ainda dependente de fundos internacionais.
Também foram apresentados, por Mona Chun, dados importantes sobre o perfil dos doadores internacionais de direitos humanos. A pesquisa foi realizada pelo International Human Rights Founders Group junto ao Foundation Center, e pode ser conferida aqui.
Para outras informações sobre o XII Colóquio Internacional de Direitos Humanos, acesse:
http://www.conectas.org/pt/acoes/coloquio/noticia/5413-veja-como-foi-o-xiii-coloquio