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    “A nossa arma mais poderosa é a memória”

    Fundo Brasil de Direitos Humanos
    16/10/2018
    13 min
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    Edson Cardoso durante Encontro de Projetos realizado em São Paulo (Foto: Ernesto Rodrigues/Fundo Brasil)

    Ìrohìn é uma palavra de língua iorubá que significa notícia. Era o nome de um jornal e é o nome da organização liderada por Edson Lopes Cardoso, um ativista histórico do movimento negro no Brasil.

    No décimo terceiro depoimento da série #Defensorxs, Edson conta uma parte de sua trajetória e defende a memória do movimento como fundamental para seguirmos em frente.

    Confira:

    Temos um projeto que é a construção de um centro de documentação e informação relacionado ao negro. Mas na verdade ele tem a ver com uma presença africana no Brasil, com o movimento negro, com cultura negra, com a memória de uma instituição que é o próprio Ìrohìn.

    A ideia do projeto começou com uma preocupação que nós tínhamos com a própria coleção dos jornais. O jornal foi um projeto em 1996, teve interrupções no formato como informativo e depois, como tablóide, a partir de 2004, ficou de 2004 a 2010.

    Foi um projeto de circulação nacional, que envolveu muita gente e chegamos a distribuir gratuitamente, normalmente através de um cadastro, pelos Correios, 16 mil exemplares por edição.

    O jornal tinha 40, 42 páginas, teve número com mais. Chegamos a ganhar um prêmio de produção do conhecimento e montamos um jornal com muita qualidade.

    Quando o jornal não teve mais financiamento, e isso foi uma coisa muito atrelada à natureza independente do jornal e à conjuntura – todo o tempo pensávamos em como iríamos proteger essa herança.

    E juntei muita coisa, pessoalmente, uma biblioteca especializada, muito documento, porque não editei só um jornal na minha trajetória de militância. Eu editei três jornais – o Ìrohìn foi o projeto maior. Mas eu editava o jornal do MNU, um tablóide; e editei um jornal chamado Raça e Classe, em meados dos anos 80, quando eu estava no Partido dos Trabalhadores.

    Então eu tenho uma experiência de jornal, um acervo de fotografias, um acervo de entrevistas… Um acervo considerável de documentação.

    Eu doei o meu acervo pessoal ao Ìrohìn. Achei que era a melhor maneira de tornar público. Esse centro de documentação, por enquanto, tem um único fundo, que é o meu acervo pessoal, que doei à instituição.

    Mas a ideia é agregar outros fundos.

    Np movimento negro é muito comum a gente perder coisas. A conservação desse material se dá de maneira muito precária, na residência das pessoas. A gente tem perdido muita coisa por causa disso.

    Tenho certeza de que quando o centro tiver tendo um funcionamento mínimo e as pessoas perceberem do que se trata, que não temos fim nenhum lucrativo, acredito que muita gente deve nos procurar para doar. Tenho exemplos disso em outras áreas. As pessoas descobrem que podem passar isso para quem pode classificar, quem pode organizar e tornar público.

    Esse tipo de trabalho de quem acredita na memória e uma coisa que aprendi lendo a Hannah Arendt: a política a gente faz com fatos e eventos.  A política é assim. Só tem um problema com isso: os fatos podem ser apagados e distorcidos.

    Sabemos que tem uma memória construída por algumas gerações de movimentos negros que, se a gente não preservar, simplesmente se apaga.

    Por exemplo: os 130 anos de abolição da escravidão e 30 anos do protesto negro no centenário, em 1988. Foi muito importante. Tudo o que aconteceu depois se deve às manifestações de 1988. Foram em São Paulo, no Rio, em Belo Horizonte, em muitos lugares e sempre com muita gente. O governo queria comemorar o centenário e o movimento negro queria que acontecesse algo em benefício da população negra.

    Para vocês terem uma ideia, o slogan do Rio de Janeiro era: “Nada mudou, vamos mudar”.

    Nós queremos trabalhar essa memória. Estamos com um levantamento bibliográfico do que se publicou em maio de 1988 nos jornais. Esse acervo vai aparecer no portal. Isso pode ajudar um pesquisador, por exemplo.

    A ideia geral é documentar, informar e manter viva a memória do movimento negro.

    Queremos fazer oficinas de memórias, a gente quer mexer com a memória da comunidade. Por exemplo, moro em uma cidade em que muita gente não sabe porque uma determinada rua se chama Rua da Forca. Queremos mexer com a memória da cidade, dos episódios, não só históricos, mas relativos a familiares, indivíduos, é muito importante essa recuperação. Sempre ligado à temática afro-brasileira.

    Ìrohìn é uma palavra de língua iorubá que significa notícia. Era o nome do jornal, é o nome da organização. Tanto notícia no sentido jornalístico como no dia a dia.

    Outro dia eu estava citando Steve Biko, que tem uma frase para comunicar amplamente. Ele diz assim: “Um povo sem memória é como um carro sem motor”. É uma frase que comunica a qualquer pessoa. Todo mundo entende que um carro sem motor não vai para lugar nenhum. 

    O que tenho dito: se queremos ir a algum lugar, vamos ter que ligar o motor. Ligar o motor, na visão de Steve Biko, é ativar a memória.

    A gente ativa a memória para caminhar para a frente. Se a gente não tem ideia de nosso percurso, de nossos valores de cultura, de nossa resistência, como é que a gente vai seguir?

    Para a gente seguir, tem que se amparar nas experiências vividas, nas vivências, nos acúmulos de cultura e civilização que estão conosco

    A nossa arma mais poderosa é a memória. Ativar a memória é estimular a luta.

    Vou dar um exemplo que vai estar em algum momento em nosso portal. Tem uma escritora negra brasileira que o nome dela é Lourdes Teodoro. Ela estudou na França, fez graduação no Brasil e foi para a França fazer doutorado. Fez comparação entre Aimé Césaire e Mário de Andrade. Esse trabalho levou 30 anos para ser traduzido em língua portuguesa. Ela publicou em Paris (um livro, o Ìrohìn tem) e publicou em língua portuguesa 30 anos depois. É uma pessoa de uma poesia extraordinária. O que ela fez? O pai dela nasceu em 1916, no Centro-Oeste, pegou o Centro-Oeste mata fechada, conviveu com onça. Ele gostava de contar muitas histórias de onça. Ela pegou as histórias, fez uma edição limitada, entregou o livro para uma neta ilustrar e você tem aí uma memória familiar a partir do que o vivido pelo pai, as suas experiências no Centro-Oeste que não existem mais, e as histórias de onça. O pai dela foi fundamental para que ela existisse como a intelectual que ela é e com as possibilidades que ela tem.

    Às vezes a mãe fundamental é uma lavadeira. Nos interessa como lavadeira, que lavou roupa, um trabalho extremamente exaustivo e desgastante, para receber pouco. Mas foi ela que sustentou a família e conduziu os filhos até a universidade e muitas vezes ninguém sabe o nome dela. Acho que a gente precisa trazer a memória desse cotidiano e de pessoas que estão fora de foto. Não é só a memória do grande fato, Palmares. Queremos também a memória desses episódios do cotidiano, dessas pessoas que fazem as coisas acontecerem.

    Um dos primeiros artigos que vamos publicar é sobre um assassinato de um cabeleireiro de Salvador, que fazia trabalhos com cabelos da população negra, no seu salão fez um cursinho pré-vestibular e foi assassinado, de uma maneira estúpida. Quem é essa pessoa? Quem tem memória?

    Quando a gente fala em memória, não estamos falando do grande vulto histórico, mas das pessoas que fazem o cotidiano, seus familiares.

    Eu nasci em Salvador, sai de Salvador ali por volta dos meus 20 anos, fui ao Rio, não consegui ficar, voltei, não conclui meu curso superior em Salvador e fiz um livro de poesia, fui para Porto Alegre sem conhecer ninguém. Lá me reuni a um grupo no Clube de Cultura, o grupo chamado Corpo Insano. Publicamos uma antologia na feira do livro de Porto Alegre em outubro de 1977. Dali vou para Brasília, onde fiquei 34 anos. Conclui minha graduação, fiz mestrado em comunicação e lá se dá toda uma descoberta pessoal. A partir de 1980 estou entregue integralmente ao movimento negro. Descobri energias criadoras, passei a saber de onde vinham meus medos e inseguranças, minha vida tomou um outro sentido e outra direção. Entrei no PT para criar a comissão do negro no PT. Deixei o PT em 1987, voltei a ter contato por força de emprego, tinha uma vaga no gabinete do Florestan Fernandes. Ele me escolheu, fui chefe de gabinete, depois fui assessor para relações raciais, o primeiro que a Câmera teve. Eu com Paulo Paim, estava exclusivamente para assessorá-lo para a temática racial. De lá ele foi eleito senador, me chamou novamente, fui assessorá-lo na vice-presidência do Senado.

    Fiquei no MNU até 1995. Minha última ação foi a marcha do Zumbi dos Palmares, aquela dos 300 anos de Zumbi. A partir daí sou Írohìn até hoje.

    Fui assessor especial da ministra Luiza Bairros  – a tensão é enorme, tive um AVC violento, consegui sair sem maiores sequelas, me distanciei dessas preocupações, publiquei meu livro.

    Cumpro o papel muito de formador. Acho que trouxe muita gente para o movimento negro e continuo trazendo muita gente jovem.

    Essa é a geração que trouxe a luta contra o racismo para o espaço público. Vocês não fazem ideia…

    Uma população vem em 1530 escravizada, vive uma rica experiência de 500 anos e essa experiência não serve para nada. Ninguém quer ouvir o que essa população tem para dizer.  

    A questão é saber como os negros chegaram até aqui. Quais foram as formas, as estratégias de sobrevivência. Essa é a questão que a gente precisa responder.

    Existe uma culinária que é nossa. Culinária de quem tinha acesso a restos de comida, de miúdos. Repare que toda essa comida de miúdos é nossa. A gente transformou isso em alimentos de qualidade.

    Minha mãe, com seis filhos, como é que dá comida de qualidade para seis filhos?

    Minha mãe dizia: hoje é dia de puta pobre. A gente já sabia. Puta pobre é um omelete de farinha. Não tem conteúdo, você bate com farinha. Uma cozinha feita quando você não tem nada para cozinhar. Tivemos que fazer esse tipo e coisa.

    Minha mãe fazia uma frigideira de mamão verde, que você não dizia que era mamãe. Perguntava: é bacalhau?

    É toda uma estratégia, tem um tesouro aí.

    Não tinha médico. Antes do SUS, ia para qual médico? Pensa o que era antes do SUS. Não tinha acesso. Todas essas estratégias comunitárias, de sobrevivência. E mesmo quando o assunto é combate à pobreza, os negros não são chamados. Então tudo o que fizemos é nada, nada. Quando na verdade você construiu tudo.

    Ando pelo centro de Salvador e tudo foi feito pela população negra. Em Ouro Preto também. Todos os monumentos fomos nós que fizemos. Fica parecendo que quando se abre o debate público, nós não estamos. Como um país pode ir para o futuro alijando a população.

    O Brasil vai crescer quando fizer esse encontro consigo mesmo. Enquanto achar que pode prescindir da população negra, não vai para lugar nenhum.

    A luta contra o racismo é um compromisso de vida porque não existe vida sem lutar contra o racismo. Se você não luta, aceita um sub lugar. Para que tenha lugar, tem que fazer o enfrentamento.

    As pessoas vão me encontrar sempre na luta. Não tem dúvida nenhuma. Nenhuma, nenhuma, nenhuma.

    Entrevista concedida a Cristina Camargo e Simone Nascimento.

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