Em um domingo de junho deste ano, próximo ao feriado de São João, 300 pessoas saíram de casa para participar no Cais José Estelita, em Recife (PE), de uma atividade inovadora no ativismo social: uma aula pública que teve como convidado Guilherme Boulos, membro da coordenação nacional do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e da Frente de Resistência Urbana.
A aula pública foi uma das atividades de divulgação e mobilização do projeto “Formação Humana e Afirmação: Re-existência dos Direitos no Coque/Projeto Narramundo”, desenvolvido pelo Centro Popular de Direitos Humanos (CPDH) e apoiado pelo Fundo Brasil de Direitos Humanos. O evento foi realizado em parceria com a FASE, a Rede Coque Vive, o Movimento#OcupeEstelita e o Direitos Urbanos.
Aulas públicas, intervenções artísticas e culturais em espaços abertos chamam a atenção para a atuação social proposta atualmente, principalmente pelos coletivos formados por jovens.
São atividades de incidência com grande dimensão educativa não apenas para quem faz parte do grupo, mas também para o conjunto do espaço público.
Ao mesmo tempo, os coletivos jovens resgatam práticas clássicas, como ações educativas por meio da realização de oficinas de lambe-lambe, de cartaz e de agitação e propaganda. São práticas que estavam meio esquecidas e que voltam como ações para a construção da incidência política, mesmo que seja em um momento de resistência à perda de direitos.
A realização da Copa do Mundo no Brasil, em 2014, motivou a articulação de grupos de resistência em todo o país, muitos com ações realizadas em ambientes públicos, dentro deste contexto de inovação aliada à volta de metodologias já experimentadas em outras épocas.
O Comitê Popular da Copa de São Paulo, por exemplo, realizou seis debates-bola como parte do projeto “Copa para quem? Fortalecendo resistência popular através da comunicação”, apoiado pelo Fundo Brasil. Os debates-bola foram atividades de formação e comunicação realizadas em conjunto com as comunidades e considerando os temas pertinentes a cada local e suas relações com o megaevento esportivo.
O direito à moradia digna, a igualdade de gênero, a importância da organização popular e a comunicação para resistência foram alguns dos temas debatidos.
Aulas públicas como a realizada no Cais Estelita e os debate-bola são ações que fazem parte dos processos de resistência urbana na luta pela construção de cidades democráticas, um tema bastante presente nos projetos realizados pelos coletivos jovens.
Faz todo o sentido que as atividades sejam realizadas em ambientes públicos, com a participação da população.