A Aliança entre Fundos, iniciativa que reúne Fundo Baobá para Equidade Racial, Fundo Brasil de Direitos Humanos e Fundo Casa Socioambiental, vai apresentar a experiência de filantropia colaborativa no evento comemorativo dos 10 anos da Rede de Filantropia para Justiça Social (RFJS). Desde 2021, a Aliança entre Fundos apoia projetos quilombolas e indígenas para o enfrentamento dos impactos dos problemas agravados pela pandemia da COVID-19.
O Seminário Filantropia, Justiça Social, Sociedade Civil e Democracia, que ocorre nos dias 20 e 21 de setembro, propõe incentivar o debate sobre a contribuição da filantropia para o fortalecimento de organizações e movimentos da sociedade civil. Além de comemorar os 10 anos da RFJS, o encontro também se propõe a fomentar o debate sobre a relevância de doações para a sociedade civil e o papel da filantropia para a justiça social,
Uma intensa programação será desenvolvida ao longo dos dois dias do seminário, da qual participam dezenas de organizações da sociedade civil, nacionais e internacionais. A mesa coordenada pela Aliança entre Fundos integra a programação das mesas colaborativas e vai trazer, por exemplo, reflexões sobre a razão pela qual os Fundos escolheram essa forma de enfrentamento dos impactos da COVID-19 e quais os principais aprendizados desta iniciativa de Aliança entre Fundos para fomentar a justiça social.
Participam desta mesa Cristina Orpheo (Fundo Casa Socioambiental, Fernanda Lopes (Fundo Baobá para Equidade Racial), Juliane Yamakawa (Fundo Brasil de Direitos Humanos) e Fernanda Meister (Instituto Meraki). A mediação será feita por Érika Sanches (ACP).
Comemoração dez anos
No primeiro dia do encontro (20/09) será exibido um painel sobre a trajetória e papel da Rede no ecossistema filantrópico nacional e internacional ao longo dos seus 10 anos de atuação.
“A Rede completa dez anos de fundação, e o evento é uma excelente oportunidade para reafirmarmos nossa atuação junto ao ecossistema filantrópico nacional e internacional com foco na promoção da ampliação da mobilização de recursos a organizações da sociedade civil que atuam pela justiça social”, avalia Graciela Hopstein. Participam do painel Harley Nascimento (Fundo Positivo), Giovanni Harvey (Fundo Baobá) e Ana Valéria Araújo (Fundo Brasil de Direitos Humanos) e Roberto Vilela (Tabôa) A mediação fica por conta de Cristiane Azevedo (ISPN – Instituto Sociedade População e Natureza).
Na sequência, a mesa sobre Filantropia de Justiça Social, Sociedade Civil e Democracia no Brasil propõe a reflexão em torno da filantropia como agente de transformação. Por meio do apoio financeiro às lutas de organizações, coletivos, movimentos e lideranças que atuam pelo reconhecimento e o acesso a direitos, com foco na diversidade e minorias políticas, a filantropia independente comprometida com essas agendas procura fortalecer a sociedade civil, entendida como um ator chave da democracia brasileira.
Participam desta mesa Cássio França (GIFE), Amália Fischer (Fundo ELAS+), Henrique Silveira (Casa Fluminense), Iara Rolnik (Ibirapitanga) e David Fleischer (IAF – Inter-American Foundation). A mediação será feita por Ana Toni (iCS – Instituto Clima e Sociedade).
Novos arranjos
A quarta-feira, dia 21/09, começa com o olhar voltado para o repensar das práticas tradicionais e hegemônicas da filantropia, propondo uma reflexão sobre como a filantropia pode fomentar transformação ao fortalecer a sociedade civil. Para isso, é preciso mudar a forma como se doa, observando as organizações e territórios que recebem apoio financeiro não como meros beneficiários, mas sim como agentes ativos da transformação.
A mesa Filantropia decolonial – caminhos e desafios no Brasil terá a participação de Cassio Aoqui (ponteAponte), Diane Pereira Sousa (Instituto Comunitário Baixada Maranhense), Allyne Andrade (Fundo Brasil de Direitos Humanos) e Ese Emerchi (GFCF – Global Fund for Community Foundations).
O Brasil tem avançado na desconstrução de práticas coloniais a partir da promoção da agenda da filantropia comunitária e de justiça social, com foco no reconhecimento de minorias políticas. Entretanto, os recursos para organizações e movimentos da sociedade civil que trabalham nesse campo são escassos e majoritariamente provenientes de financiamento internacional.
Esse modo de fazer filantropia pressupõe transformar as relações de poder, evitando a imposição de soluções de cima para baixo e reconhecendo os ativos das comunidades em busca de soluções próprias para os problemas existentes e na construção de um bem comum maior.
O segundo dia traz também o painel Democratizar a filantropia – confiança e novos arranjos, que abordará novas iniciativas no campo, formas de comunicação e olhares que despontam em diferentes territórios e grupos da sociedade civil e têm impacto na realidade, potencializando a transformação do país.
“O desafio está em entender como fazer com que a filantropia no país tenha maior abrangência, democratizando o acesso a recursos para organizações de base de maneira mais ágil e com confiança para, assim, contribuir para o fomento a uma transformação real e sustentável”, propõe Graciela.
Participam do debate Marcelle Decothé (PIPA), Aline Odara (Fundo Agbara), Larissa Amorim (Casa Fluminense) e Inimá Krenak (Fundo Casa Socioambiental), com mediação de Fernanda Lopes (Fundo Baobá).
Mesas colaborativas
O seminário promoverá também mesas colaborativas, com temáticas propostas por organizações da sociedade civil.
Após curadoria da equipe executiva da Rede de Filantropia para a Justiça Social, foram selecionadas propostas que debaterão, durante os dois dias, sempre na parte da tarde, temas como: Filantropia colaborativa e fortalecimento de territórios; Campanhas comunitárias do Dia de Doar; Filantropia na agenda de proteção de defensores e defensoras do meio ambiente; e Fortalecimento comunitário e luta por justiça ambiental. As mesas acontecem ao longo dos dois dias de evento.
A programação completa está disponível no site do evento.
Serviço:
Seminário Filantropia, Justiça Social, Sociedade Civil e Democracia
Data: 20 e 21 de setembro de 2022.
Local: Unibes Cultural – Rua Oscar Freire, 2500 – São Paulo/SP.
Inscrições: https://seminariofilantropia.com.br/inscricoes/
Idealização e organização: Rede de Filantropia para a Justiça Social.
Produção: Necta.
Sobre a Rede
Criada em 2012, a Rede de Filantropia para a Justiça Social reúne fundos e fundações comunitárias, organizações doadoras (grantmakers) que mobilizam recursos de fontes diversificadas para apoiar grupos, coletivos, movimentos e organizações da sociedade civil que atuam nos campos da justiça social, direitos humanos, cidadania e desenvolvimento comunitário. A organização tem por propósito promover e diversificar uma cultura filantrópica no Brasil que garanta e amplie os recursos para a justiça social.
Integram o quadro de sócios fundadores as seguintes organizações membros: Fundo Baobá, Fundo Elas+, Fundo Brasil, Fundo Casa Socioambiental, ICOM (Instituto Comunitário da Grande Florianópolis), Instituto Baixada, Fundo Positivo, Casa Fluminense, ISPN (Instituto Sociedade População e Natureza), Redes da Maré, iCS (Instituto Clima e Sociedade), FunBEA (Fundo Brasileiro de Educação Ambiental), Tabôa e Instituto Procomum.
O Seminário Filantropia, Justiça Social, Sociedade Civil e Democracia – 10 anos da RFJS é promovido pela Rede de Filantropia para a Justiça Social. Tem o apoio financeiro do Instituto Clima e Sociedade, do Fundo Brasil, do Fundo Casa Socioambiental, do Fundo Baobá e da Porticus, e conta com apoio institucional das seguintes organizações: ABCR, Alliance Magazine, Comunalia, Cese, FutureBrand SP, GIFE, Global Fund for Community Foundation, Ibirapitanga, Fundação Micaia, Movimento Bem Maior, Movimento por uma cultura de doação, Philanthropy for Social Justice and Peace, Sitawi Finanças do Bem, ponteAponte, Social Docs, Stanford Social Innovation Review Brazil, VMCA advogados e Wings.
Sobre a Aliança entre Fundos
A Aliança entre Fundos é formada pelo Fundo Baobá para Equidade Racial, Fundo Brasil Direitos Humanos e Fundo Casa Socioambiental. Iniciativa inédita surgida a partir da mobilização comunitária pela justiça racial, social e ambiental, propõe um novo modo de atuação no ecossistema da filantropia no Brasil: a filantropia colaborativa para a justiça social. A ideia é reduzir os impactos da crise no país, especialmente junto a grupos que vivem em contextos de vulnerabilidade agravada pela pandemia da COVID-19.
Fundo Baobá para Equidade Racial. Criado em 2011, o Fundo Baobá para Equidade Racial é o primeiro e único fundo dedicado, exclusivamente, para a promoção da equidade racial para a população negra no Brasil. Orientado pelos princípios de ética, transparência e gestão, mobiliza recursos financeiros e humanos, dentro e fora do país, e investe em iniciativas da sociedade civil negra para o enfrentamento ao racismo e promoção da justiça social.
Fundo Brasil. O Fundo Brasil de Direitos Humanos é uma fundação independente e sem fins lucrativos, instituída em 2006. Tem como missão promover o respeito aos direitos humanos no país, criando mecanismos sustentáveis, inovadores e efetivos para fortalecer organizações da sociedade civil e para desenvolver a filantropia de justiça social.
Fundo Casa Socioambiental. O Fundo Casa Socioambiental é uma organização que busca promover a conservação e a sustentabilidade ambiental, a democracia, o respeito aos direitos socioambientais e a justiça social por meio do apoio financeiro e fortalecimento de capacidades de iniciativas da sociedade civil na América do Sul.