Incidência política também é feita com celulares. Com esse argumento, o Fórum de Juventudes RJ criou o aplicativo Nós por Nós para enfrentar as violações de direitos no campo da segurança pública no Rio de Janeiro. A ferramenta foi construída por jovens negros moradores de dez áreas militarizadas no Estado.
O projeto da organização é apoiado pelo Fundo Brasil de Direitos Humanos e ganhou repercussão na mídia como mecanismo para encaminhamento de denúncias sobre o impacto da militarização e do racismo no dia a dia de jovens nas favelas.
O Fórum de Juventudes RJ já havia sido apoiado pela fundação por meio do projeto “Militarização das favelas: os impactos da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) na vida dos jovens negros”.
De acordo com informações divulgadas pela Anistia Internacional, 5.132 pessoas foram mortas por policiais em serviço entre 2005 e 2014 na cidade do Rio de Janeiro. A grande maioria era de jovens negros e moradores de favelas.
O relatório “Você matou meu filho – homicídios cometidos pela Polícia Militar no Rio de Janeiro”, da Anistia, mostra que a discriminação racial e as desigualdades fazem com que a população negra, principalmente os jovens, seja mais vulnerável.
Essa realidade fez com que o Fórum de Juventudes RJ sentisse a necessidade de criação do mecanismo.
Rodas de conversa, oficinas de criação e seminário fazem parte do processo de desenvolvimento do Nós por Nós.
As denúncias são encaminhadas ao aplicativo por meio de vídeos e fotos, depois consolidadas pelo Fórum de Juventudes RJ e encaminhadas para o Ministério Público, Defensoria Pública e organizações de direitos humanos parceiras. Anistia Internacional, Justiça Global, Ibase, Fase e Rede de Comunidades contra a Violência fazem parte da rede de apoio.
Em balanço parcial, o Fórum de Juventudes RJ informou o recebimento de mais de 70 denúncias, como abuso de poder, invasão de domicílio, agressão física, homicídio e tortura, ameaça, racismo, violência contra a mulher e machismo, extorsão e homofobia.
Algumas das denúncias recebidos por meio do aplicativo também são divulgadas na página do Nós por Nós no Facebook.
Violações
Outras organizações apoiadas pelo Fundo Brasil enfrentam violações institucionais no Rio de Janeiro. A Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência, por exemplo, fortalece a atuação de familiares de vítimas de violência institucional na luta por justiça. A organização é apoiada por meio do projeto “O enfrentamento à violência de Estado por familiares de vítimas: solidariedade, mobilização política e direitos humanos”, no edital anual 2015.
A organização é formada principalmente por mulheres que tiveram seus filhos, irmãos, maridos, sobrinhos ou netos assassinados ou desaparecidos. Elas exigem do Estado a reparação pelas perdas. Percorrem instituições, oferecem ajuda psicológica, informações jurídicas e solidariedade.
A organização também foi selecionada para receber apoio por meio do edital anual 2016.
Fundo Brasil
O Fundo Brasil é uma fundação independente, sem fins lucrativos, que tem a proposta inovadora de construir mecanismos sustentáveis para destinar recursos a defensores e defensoras de direitos humanos em todas as regiões do pais.
A fundação atua como uma ponte, um elo de ligação entre organizações locais e potenciais doadores de recursos.
Em dez anos de atuação, a fundação já destinou R$ 12 milhões a cerca de 300 projetos em todas as regiões do país. Além da doação de recursos, os projetos selecionados são apoiados por meio de atividades de formação e visitas de monitoramento que fortalecem as organizações de direitos humanos.
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