A Articulação Antinuclear do Ceará lançou uma série de entrevistas sobre o impacto da mineração de urânio no Brasil, com destaque para o caso de Santa Quitéria, município do sertão central cearense.
As entrevistas foram realizadas pelo coletivo Urucum – Direitos Humanos, Comunicação e Justiça com integrantes do Núcleo Tramas – UFC. A reportagem é dividida em três vídeos: “O que é o Projeto Santa Quitéria”; “EIA/RIA e licenciamentos”; e “Quais são as alternativas possíveis?”
As entrevistas fazem parte do projeto “Campanha Antimineração no Ceará em Defesa dos Territórios Camponeses, apoiado pelo Fundo Brasil de Direitos Humanos por meio do edital anual 2015.
O projeto tem o objetivo de acompanhar juridicamente o licenciamento ambiental do Projeto Santa Quitéria e realizar uma campanha para traduzir e difundir informações sobre os riscos e os danos da exploração de urânio e fosfato no Ceará.
A reportagem mostra que uma instalação nuclear como a proposta no Projeto Santa Quitéria utiliza, a cada hora, uma média de água equivalente a 115 carros pipa. Em uma região que sofre com a seca, são inevitáveis as perguntas:
– Há viabilidade hídrica para o empreendimento?
– Os estudos de impacto ambiental são suficientes?
– Há risco de contaminação radioativa da água?
Santa Quitéria possui a maior jazida de urânio do país e enfrenta a ameaça de contaminação radioativa e à saúde da população.
O projeto apoiado pelo Fundo Brasil questiona o modelo desenvolvimentista que pode prejudicar os modos de vida e de trabalho dos camponeses e pergunta quais são as alternativas possíveis para defender os territórios impactados.
A região
O sertão central do Ceará possui um histórico de concentração fundiária, situação que começou a ser alterada a partir década de 1990, com a ocupação de terras pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) e sindicatos rurais.
Comunidades rurais lutam pelo acesso à terra e à água.
Para a Articulação Antinuclear do Ceará, a instalação de um complexo industrial que tem o objetivo de minerar e beneficiar urânio e fosfato ameaça esse modo de vida.
“A experiência de mineração em outros territórios mostra uma série de questões sociais, ambientais e relacionadas à saúde, como mudanças no regime tradicional de uso e ocupação do território, migração em massa de trabalhadores, sobrecarga dos serviços públicos, aumento da violência, contaminação da água, do solo e aumento dos casos de câncer”, dizem os representantes da organização.
História
A resistência à exploração de urânio e fosfato no Ceará começou em 2010, quando o Núcleo Tramas e a Cáritas Diocesana de Sobral realizaram um exercício de cartografia social na comunidade Riacho das Pedras. Desde então, várias manifestações já ocorreram e novas organizações e pessoas aderiram ao enfrentamento.
A estimativa é que mais de seis mil famílias podem ser prejudicadas pelo empreendimento.
Fundo Brasil
O Fundo Brasil trabalha para promover os direitos humanos e sensibilizar a sociedade para que apoie iniciativas capazes de gerar novos caminhos e mudanças significativas para o país.
A fundação disponibiliza recursos para o apoio institucional e para atividades de organizações da sociedade civil e de defensores de direitos humanos em todo o território nacional.
Em quase dez anos, já destinou R$ 11,7 milhões a cerca de 300 projetos em todas as regiões do país.
Além da doação de recursos, os projetos selecionados são apoiados por meio de atividades de formação e visitas de monitoramento.
Para assistir aos vídeos