Antes dos europeus pisarem nas terras que chamamos de Brasil, os povos indígenas já existiam, e eram muitos. Hoje, essa realidade é diferente. Além de uma grande redução na quantidade de povos indígenas em terras brasileiras, as lutas vivenciadas pelas atuais lideranças se tornaram diárias e urgentes.
Os líderes indígenas buscam, acima de tudo, preservar a cultura e o conhecimento de seus povos. Porém, outra importante responsabilidade é representar e defender seus povos e terras por meio do ativismo, da fiscalização constante e do cumprimento da legislação. Com isso, seus rostos e nomes ficam em evidência, e suas vidas ficam em perigo por defenderem causas que divergem dos planos de quem lucra com a exploração ilegal de recursos naturais, como o garimpo, o desmatamento, a caça e a pesca ilícitas.
Lideranças indígenas ainda correm perigo?
O Conselho Indigenista Missionário (CIMI), que acompanha os casos de violação de direitos e violência contra os povos indígenas, publicou o relatório anual sobre violência contra povos indígenas que aponta o aumento das invasões a terras indígenas: 305 ocorrências em 26 TIs, em 22 estados (2021), ante 263 ocorrências em 201 TIs, 19 estados (2020). [1]
Em 2019, o ataque a dois líderes indígenas foi noticiado em diferentes mídias. Paulo Paulino Guajajara era guardião da floresta e sua função na tribo era vista como uma das mais perigosas: fiscalizar e denunciar invasões na mata. Enquanto Paulo caçava em terras Araribóia com Laércio Guajajara, outra liderança indígena, ambos foram surpreendidos com uma emboscada e Paulo foi morto – Laércio conseguiu sobreviver ao ataque. Os assassinos eram homens não indígenas, suspeitos de terem ligação com madeireiras [2][3].
A impunidade para assassinatos de defensores dos direitos indígenas é recorrente, porém toda essa tragédia veio sucedida de um marco histórico. O guardião Olímpio Iwyramu Guajajara afirmou ser uma verdadeira vitória levar o julgamento à júri popular e esse caso pode abrir precedente para a investigação de outros assassinatos de lideranças indígenas [4][5].
Paulo Paulino Guajajara já sofria ameaças há um tempo, e essa também é a realidade de outras lideranças engajadas com a defesa de seus territórios, pelo meio ambiente, pela luta por direitos básicos e outras questões que afetam os povos indígenas e põe suas vidas em risco diariamente.
Quando falamos em defesa dos direitos dos povos indígenas, não são somente as lideranças que estão em perigo. Recentemente, outra tragédia envolvendo defensores das lutas indígenas repercutiu bastante no noticiário. Bruno Araújo Pereira, indigenista da FUNAI, e Dom Philips, jornalista britânico, foram assassinados e enterrados em área de mata fechada. Após análise, o Ministério Público Federal concluiu que os culpados tinham hábito de pescar ilegalmente em áreas indígenas e que cometeram os assassinatos depois que Bruno e Dom acompanharam o barco, com a finalidade de registrar em fotos o crime ambiental [6][7].
Saiba como ajudar nessa luta
Sindicatos Vestuário de Sorocaba (SP) – Vinicius Viana. Brasília
O Fundo Brasil está constantemente atuando no apoio aos povos indígenas e na proteção emergencial às lideranças indígenas. Doando, você pode fazer parte dessa rede de apoio.
O “Fundo Emergencial para Lideranças Indígenas” tem como objetivo atender, em parceria com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), lideranças ameaçadas e em situação de risco, ajudando na alimentação, no atendimento à saúde física e psicológica, na assessoria jurídica, na proteção das famílias e no fortalecimento das redes de proteção dessas lideranças. A sua contribuição é necessária para que esses auxílios continuem chegando até às vítimas. Sua doação pode garantir que a luta desses ativistas, em defesa dos direitos dos povos indígenas, continue.
Seja você a transformação
Referências
[1] 2021. Conselho Indígena Missionário. Violência contra os Povos Indígenas no Brasil. – Dados 2021.
[2] 2019. El País. Assassinato de líder Guajajara abala comunidade indígena.
[3] 2019. Conselho Indígena Missionário. Marcha indígena em Brasília cobra proteção e demarcação das terras indígenas e fim dos assassinatos de lideranças.
[4] 2022. Mongabay. Júri para assassinato de ‘Guardião da Floresta’ é considerado marco histórico.
[5] 2022. Conexão Planeta. Assassinos do líder indígena Paulo Paulino Guajajara do Maranhão serão julgados por júri popular: um marco histórico.
[6] 2022. Agência Brasil. Corpo de indigenista Bruno Pereira é velado em Pernambuco.
[7] 2022. G1. Caso Bruno e Dom: ‘Colômbia’ e ‘Pelado da Dinha’ dão entrada em presídio de Manaus.