Ser uma mulher negra no Brasil é enfrentar questões e obstáculos que outros grupos da sociedade não enfrentam. O peso histórico do racismo e do machismo formam um sistema discriminatório na sociedade brasileira que faz com que as mulheres negras estejam longe de ser prioridade. Em 134 anos, desde a abolição da escravatura, ainda vemos muitos indícios de uma sociedade racista que inferioriza, principalmente, as mulheres.
Duplo preconceito e dupla jornada
O duplo preconceito, de gênero e de raça, sofrido pela mulher negra é visto nas pequenas e nas grandes atitudes. Críticas ao cabelo e aos traços físicos, uma mídia que ainda exibe um ideal de beleza único, frases que diminuem suas conquistas e a maior dificuldade em se colocar no mercado de trabalho. Diante da sociedade patriarcal, as mulheres são submetidas à função de manutenção do núcleo familiar e, dessa forma, acumulam papéis que as deixam sobrecarregadas: acúmulo de tarefas domésticas, cobrança pelo cuidado com os filhos, além do cuidado com o parceiro.
“Ela é oprimida por ser mulher, por pertencer a uma classe social subjugada e também por ter a raça negra.”
Professora Dilma de Melo Silva, Membro do Conselho Científico do Núcleo de Apoio a Pesquisas e Estudos Interdisciplinares sobre o Negro Brasileiro (Neinb) da Universidade de São Paulo.
Foi observado em pesquisa feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada que, para cada mulher negra em um cargo de ensino superior, existem três homens brancos [1]. Em relação ao feminicídio no Brasil, dados do 15º Anuário Brasileiro de Segurança Pública apontam que duas em cada três vítimas são mulheres negras [2]. E, infelizmente, essas são apenas algumas das situações que fazem parte da história das mulheres negras no Brasil.
As lutas feministas também precisam considerar o contexto da mulher negra, já que existem situações que apenas uma mulher de pele parda ou preta pode vivenciar e que abalam seu emocional, seu psicológico, seu físico e, até mesmo, insere a vítima numa situação de risco de vida.
A mudança está próxima
O primeiro passo para a mudança é dar voz às mulheres negras, para que elas possam falar sobre suas necessidades e seus anseios. Elas já foram muito caladas pela sociedade e, agora, precisam ser escutadas. A partir disso, é necessário apoio para estruturar estratégias efetivas que dialoguem com essas necessidades. Então, a mudança estará próxima!
O Fundo Brasil atua na linha de auxílio de projetos que ajudam a visibilizar a luta pelo direito das mulheres e enfrentamento ao racismo a partir de editais. Você pode fazer parte da construção de uma sociedade mais justa e igualitária para todas e todos.
Seja você a transformação
Referências
[1] 2021. Folha de São Paulo. Para cada mulher negra nos cargos de nível superior, há três homens brancos.
[2] 2021. Alma preta. Feminicídio: a cada três mulheres mortas no Brasil em 2020, duas eram negras.