São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e outros estados brasileiros foram afetados por inundações e deslizamentos causados pelas fortes chuvas nos três primeiros meses de 2023. Infelizmente, centenas de famílias foram afetadas. Esse tipo de desastre tende a prejudicar ainda mais as comunidades que já estão em desvantagem social e econômica, como os moradores de áreas marginalizadas, pessoas negras e os povos originários. Isso é conhecido como racismo ambiental.
Mas afinal, o que é racismo ambiental?
O termo foi criado para descrever a forma como as populações mais pobres e marginalizadas são afetadas de forma desproporcional pelos impactos ambientais negativos, como a poluição do ar, a contaminação da água, as enchentes e o desmatamento. Isso acontece porque essas populações muitas vezes têm menos poder político e econômico para evitar ou remediar esses impactos.
Populações que precisam viver em favelas e áreas construídas em encostas íngremes, sujeitas a deslizamentos de terra e enchentes são as mais afetadas, como ocorreu no Litoral Norte de São Paulo. O racismo ambiental é, portanto, uma forma de discriminação ambiental. Ele acontece quando as políticas ambientais e os projetos de desenvolvimento são implementados de forma a prejudicar deliberadamente as populações mais vulneráveis.
Por exemplo, quando uma usina é construída perto de uma comunidade de baixa renda, sem o seu consentimento ou participação, isso pode levar a um aumento da poluição do ar e da água na área. Essa poluição pode causar doenças respiratórias e outros problemas de saúde para os moradores locais.
Quem é atingido pelo racismo ambiental?
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
O racismo ambiental tem um impacto significativo na população que vive em favelas. Essas comunidades muitas vezes são construídas em áreas que não são seguras para a habitação, como encostas de morros ou margens de rios. Isso significa que os moradores das favelas estão expostos a um maior risco de sofrerem com as inundações e deslizamentos de terra.
Além disso, a falta de acesso a serviços básicos, como água potável e saneamento, agrava ainda mais os impactos negativos do racismo ambiental nas favelas. O resultado é uma qualidade de vida muito inferior à das pessoas que vivem em áreas mais ricas e protegidas, afetando a saúde e bem-estar dos moradores das favelas.
As comunidades indígenas e quilombolas também são afetadas pelo racismo ambiental. Muitas vezes, elas vivem em áreas de grande valor ecológico, como florestas e reservas naturais, e têm um conhecimento profundo desses ecossistemas. No entanto, essas comunidades têm pouca influência sobre as políticas que afetam seus territórios e geralmente são excluídas do processo de tomada de decisão.
A luta contra o racismo ambiental envolve a defesa dos direitos humanos e ambientais. Isso inclui o direito à participação na tomada de decisão, o direito à informação e o direito à justiça ambiental. É importante que as comunidades afetadas sejam ouvidas e que seus conhecimentos e experiências sejam valorizados na elaboração de políticas e projetos de desenvolvimento.
Infelizmente, existem muitos exemplos de racismo ambiental no Brasil:
- A construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, que deslocou comunidades indígenas e ribeirinhas e teve um impacto significativo na biodiversidade da região.
- A contaminação da água e do solo em comunidades indígenas e quilombolas no Nordeste do Brasil, devido ao uso excessivo de agrotóxicos nas plantações próximas.
- A construção da rodovia BR-163, no Mato Grosso, que causou desmatamento e expulsou comunidades indígenas da região.
- A contaminação por metais pesados em comunidades próximas às minas de ouro em Paracatu, Minas Gerais, que tem afetado a saúde dos moradores locais.
- A precarização da assistência à saúde indígena e a ausência de programas governamentais voltados à retirada de garimpeiros nas Terras Indígenas. Recentemente, vivenciamos a crise sanitária no Território Yanomami, no qual centenas de yanomamis apresentavam sintomas graves de malária sem terem acesso a remédios e dezenas de crianças com desnutrição em estado avançado.
Esses são apenas alguns exemplos de racismo ambiental no Brasil. É importante que a sociedade como um todo reconheça e combata essa forma de injustiça ambiental e social.
O que podemos fazer para combater o racismo ambiental
A luta contra o racismo ambiental envolve a defesa dos direitos humanos e ambientais e a valorização do conhecimento e da experiência das comunidades afetadas. Para combater essa forma de injustiça ambiental, é necessário que a sociedade como um todo reconheça o problema e tome medidas para combatê-lo.
Algumas medidas que podem ser tomadas para diminuir o racismo ambiental incluem a criação de políticas públicas que levem em conta as desigualdades sociais e econômicas, a garantia do direito à participação das comunidades afetadas na tomada de decisão, a promoção da educação ambiental e a valorização do conhecimento tradicional das comunidades.
Além disso, doar para organizações como o Fundo Brasil é uma forma importante de ajudar a combater o racismo ambiental. O Fundo Brasil apoia projetos e organizações que lutam pelos direitos humanos e ambientais no país, incluindo projetos voltados para a proteção de comunidades afetadas pelo racismo ambiental.
A sua doação para o Fundo Brasil é uma das formas mais efetivas de contribuir para a luta contra o racismo ambiental.
Faça parte e lute contra o racismo!