Pelo oitavo ano consecutivo, o Fejunes (Fórum Estadual de Juventude Negra do Espírito Santo) realiza na manhã desta sexta-feira (20), nas ruas de Vitória (ES), a Marcha Estadual Contra o Extermínio da Juventude Negra. A marcha é realizada no Dia da Consciência Negra.
O tema “Redução não é a solução”, escolhido para este ano, tem o objetivo de reforçar a luta contra as propostas de redução da maioridade penal que tramitam no Congresso Nacional.
“A redução da maioridade penal também contribui para o processo de extermínio da juventude negra. Quando, ao invés de avançarmos na garantia de direitos, optamos por encarcerar mais e mais cedo nossos jovens, estamos incrementando o aparato de desumanização dos nossos corpos negros e juvenis”, afirma Lula Rocha, coordenador do Fejunes.
A Marcha sairá do início da avenida Jerônimo Monteiro, no Centro de Vitória, e seguirá até o Palácio Anchieta, onde haverá um ato político e serão fincadas cruzes simbolizando as centenas de jovens negros que morrem todos os anos no Espírito Santo.
Também serão apontados os altos índices de violência contra as mulheres negas.
A Campanha Estadual Contra o Extermínio da Juventude Negra, organizada pelo Fejunes, foi apoiada pelo Fundo Brasil por meio dos editais anuais de 2008, 2009 e 2014.
Marcha das Mulheres Negras
Na quarta-feira, dia 18, várias organizações apoiadas pelo Fundo Brasil participaram da Marcha das Mulheres Negras, idealizada para reunir o maior número possível de organizações de mulheres negras para defender a equidade racial, social e de gênero.
“Ocupamos Brasília e mostramos a força, a coragem e a ousadia que herdamos das nossas ancestrais”, afirmaram representantes da Bamidelê – Organização de Mulheres na Paraíba. “Marchamos juntas, de punhos erguidos e braços dados contra o racismo, o machismo e pelo bem viver”.
A organização é apoiada por meio do edital anual 2015 e também já recebeu apoio em 2012, 2010 e 2009.
“A experiência que vivemos na construção da Marcha desperta em nós o sentimento de unidade de forças políticas na luta contra as opressões racistas, patriarcais, heteronormativas e capitalistas”, escreveu Francisca Sena, do Inegra (Instituto Negra do Ceará), em texto sobre a mobilização das mulheres negras.
A Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras recebeu apoio emergencial do Fundo Brasil para participar da Marcha.
O apoio possibilitou a participação de representantes de 20 estados. Além disso, também contribui para a manutenção de uma rede de mulheres, com a circulação de informações sobre estratégias de combate à pobreza, ao racismo e ao sexismo.
As mulheres negras são 49 milhões no Brasil. De acordo com a organização da Marcha, o racismo, o machismo, a pobreza e as desigualdades social e econômica prejudicam a vida dessas mulheres. Questões como a dificuldade para entrar no mercado de trabalho, os salários menores, a construção negativa da imagem da mulher negra, a construção do papel social e direitos ainda não respeitados estão no centro da movimentação.