Relatos cheios de emoção e dor marcaram os quatro dias do “III Encontro Internacional de Mães e Familiares de Vítimas da Violência do Estado: Por Justiça, Reparações e Revolução””, realizado em Salvador (BA) entre os dias 17 a 20 maio.
Mães e familiares do Rio de Janeiro, Ceará, São Paulo, Bahia, Xingu, Minas Gerais, Amazonas, Espírito Santo, Pernambuco e também da Colômbia e de Chicago (EUA) reuniram-se para denunciar a violência de Estado e todas as opressões sofridas pela população negra e pelos moradores de favelas e periferias.
Maíra Junqueira, coordenadora executiva adjunta do Fundo Brasil, e Douglas Belchior, consultor da fundação no tema Justiça Criminal, Violência de Estado e Encarceramento, participaram do encontro. O Fundo Brasil apoiou o encontro por meio de financiamento das viagens de cinco organizações que fizeram parte do debate.
Maio, o mês das mães, é para dezenas de famílias um símbolo da luta em defesa da memória dos mortos pela violência do Estado. É também o mês em que mães de várias regiões do país se reúnem para exigir justiça. O “III Encontro Internacional de Mães Vítimas da Violência do Estado: Por Justiça, Reparações e Revolução” foi ponto alto dessa agenda.
Segundo as organizadoras do encontro, entre 2009 e 2016 mais de vinte mil pessoas foram mortas pela polícia em todo o país. Isso sem contar os desaparecimentos. Nesse contexto, uma das principais formas de atuação contra a letalidade policial e a violência estatal são as manifestações públicas em datas consideradas significativas. Muitas dessas manifestações são protagonizadas por mulheres: mães, filhas, irmãs, avós e amigas das vítimas.
Realizado na Faculdade de Economia da Universidade Federal da Bahia, o encontro debateu temas como os impactos psicossociais do terrorismo de Estado e as possibilidades de redes de cuidado e assistência; a criação de um Fundo Estadual de Reparação Econômica, Psíquica e Social aos familiares por parte do Estado; a criação de um grupo de trabalho vinculado à Assembleia Legislativa da Bahia; o projeto que dispõe sobre o funcionamento das perícias criminalísticas e médico-legal, visando mais autonomia.
As participantes também realizaram um ato público na Praça da Piedade, no centro histórico de Salvador. Caminharam da praça até o Fórum de Salvador. O ato público exigiu justiça, memória e reparação para todas as mães, familiares e vítimas do terrorismo de Estado.
Fundo Brasil
As organizações que participaram do encontro com apoio do Fundo Brasil foram as seguintes: Grupo de Mulheres e Familiares de Adolescentes em Cumprimento de Medida Socieducativa, do Ceará; Rede de Comunidades e Movimentos Contra a Violência, do Rio de Janeiro; Amparar – Associação de Amigos/as e familiares de presos/as, de São Paulo; Criola, do Rio de Janeiro; e Mães do Curió, do Ceará, apoiadas por meio do Cedeca.
Os apoios foram concedidos por meio do Fundo de Pequenos Projetos, que permite o estímulo à formação e à convergência entre parceiros. Por meio dessas contribuições, várias mães tiveram a oportunidade de participar do encontro.
O Fundo Brasil é uma fundação independente, sem fins lucrativos. É um elo entre doadores e organizações locais. Oferece apoio financeiro e técnico a essas organizações, para viabilizar projetos de defesa e promoção de direitos humanos. São iniciativas que empoderam pessoas e fortalecem a sociedade civil.
A fundação atua para que integrantes de grupos vulneráveis e vítimas de violações possam ser protagonistas de suas próprias causas, ampliando suas vozes para defendê-las.
A fundação tem ainda o objetivo de dar visibilidade ao papel das organizações na defesa dos direitos humanos. É também dessa forma que contribui para transformar realidades de violação e para o fortalecimento da democracia.
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