Ativistas de mais de 40 organizações, grupos e coletivos que lutam pelos direitos humanos, de todo o país, se reuniram em São Paulo entre os dias 3 e 5 de dezembro para participar do 13º Encontro Anual de Projetos do Fundo Brasil.
Os participantes representam grupos apoiados em dois editais e uma linha especial do Fundo Brasil: 70 Anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, Combatendo o Trabalho Infantil na Indústria da Moda e Justiça Criminal-Prisão Provisória.
A conjuntura do Brasil de hoje, as perspectivas e desafios da luta por direitos foram o centro da pauta.
O encontro começou com painel “Ataques à sociedade civil: análise da conjuntura”, durante o qual a presidente do Conselho de Administração do Fundo Brasil, Jurema Werneck, e o também conselheiro da fundação Darci Frigo fizeram uma análise dos desafios que estão postos diante das organizações da sociedade civil brasileiras. O painel foi mediado pela superintendente do Fundo Brasil, Ana Valéria Araújo. Ao fim das falas, o microfone foi aberto para as intervenções e considerações dos participantes.
Leia mais: Para Jurema Werneck, ‘é preciso recolocar a utopia’
No painel sobre proteção de ativistas foram discutidos desde o conceito de proteção até as estratégias neste sentido, inclusive digitais. Por meio de uma dinâmica, os participantes fizeram anotações sobre sua principais preocupações e as estratégias e ações que suas organizações já praticam para promover a proteção de seus integrantes.
O segundo dia começou com roda com ativistas participantes do encontro. Com o microfone aberto, lideranças de organizações que combatem prisões provisórias, o trabalho infantil, lutam pelos direitos de trabalhadoras e trabalhadores sexuais, organizações quilombolas e indígenas, entre outras, fizeram análises a partir da perspectiva de seus territórios e de suas lutas.
Comunicação para sensibilização da sociedade também foi discutida no encontro. A equipe do Fundo Brasil falou sobre os papéis da comunicação na defesa de direitos: promoção de causas, prestação de contas à sociedade e captação de recursos. Ao fim do Encontro Anual de Projetos, o Fundo Brasil lançou a Plataforma Brasil de Direitos, espaço online que reúne artigos, notícias e eventos sobre direitos humanos. Construída e mantida de maneira colaborativa, a plataforma conta com conteúdos produzidos pelos próprios ativistas e organizações que trabalham no combate ao racismo, às desigualdades de gênero, em defesa dos direitos indígenas, das crianças e adolescentes, dos imirantes e da população LGBTQI+, pelo direito à terra e ao meio ambiente saudável, entre outros temas.
Leia mais: Conheça a Plataforma Brasil de Direitos
Ameaças. O Brasil é o país que mais mata ativistas: foram 57 assassinatos em 2017, segundo a organização Global Witness. O ativismo voltado para a defesa dos direitos humanos sofre também com desconhecimento: levantamento do Instituto Ipsos realizado em 28 países e divulgado em dezembro de 2018 mostrou que quase 40% da população é refratária às discussões sobre o tema. Na opinião dos entrevistados, os “únicos a se beneficiar dos direitos humanos” são “criminosos e terroristas”. Soma-se a esse contexto, o intenso ataque à credibilidade e à atuação das organizações da sociedade civil que vem sendo promovido por governos e instituições federais no Brasil.
Sobre o Fundo Brasil
O Fundo Brasil de Direitos Humanos é uma organização independente, sem fins lucrativos e com a proposta inovadora de criar meios sustentáveis para destinar recursos a organizações sociais que lutam pela defesa dos direitos humanos. A partir do apoio financeiro e técnico oferecido a essas organizações, o Fundo Brasil viabiliza o desenvolvimento de projetos de promoção e defesa de direitos humanos em todas as regiões do país, impactando positivamente no dia a dia de milhares de pessoas. Em atividade desde 2007, o Fundo Brasil já apoiou cerca de 500 projetos.