A bióloga Carolina Sapienza escreveu artigo recente na revista online Capitolina sobre o que é ser invisível para as mulheres lésbicas.
“O primeiro exemplo que vem à mente é apresentar a namorada para a família e conhecidos como sendo sua amiga”, citou. “Por medo de serem agredidas, expulsas de casa, ou mesmo julgadas por familiares que deveriam nos apoiar incondicionalmente, acabamos escondendo quem somos de verdade. E isso nunca acontece sem algum (ou muito) sofrimento”.
Carolina lembrou ainda que a luta das mulheres lésbicas vai muito além disso e é necessária até mesmo dentro do movimento LGBT.
É neste cenário cheio de preconceitos e violações que é comemorado nesta segunda-feira, dia 29, o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica. A data está relacionada ao dia em que foi realizado o 1º Seminário Nacional de Lésbicas, em 1996.
Ao longo de sua história, o Fundo Brasil de Direitos Humanos já apoiou mais de 20 organizações que atuam na defesa dos direitos das lésbicas. Algumas delas realizam atividades para comemorar o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica e ressaltar a importância dessa luta.
A Camtra (Casa da Mulher Trabalhadora), do Rio de Janeiro, por exemplo, promove o Mês da Visibilidade Lésbica. Uma das atividades é um Ciclo de Debates, Desafios e Estratégicas de Resistências com o tema “Mulheres Lésbicas – Visibilizando nossas pautas”.
Para a organização, é importante visibilizar a opressão específica que mulheres lésbicas sofrem e também divulgar conquistas e pautas de luta.
A Camtra foi apoiada pelo Fundo Brasil por meio da campanha “Vaza malandragem. Do meu corpo e dos meus sonhos, cuido eu! Não à exploração sexual de meninas e mulheres”. Um dos objetivos da campanha foi compartilhar informações sobre exploração sexual com meninas e mulheres em situação de vulnerabilidade. O projeto apoiado também fortaleceu articulações e redes de enfrentamento ao tráfico humano para exploração sexual de meninas e mulheres.
A organização Odara – Instituto da Mulher Negra, da Bahia, realiza o “SapatonizeAGosto”, evento que tem o objetivo de destacar o debate sobre afeto entre mulheres negras lésbicas em uma sociedade racista e patriarcal.
Realizado em celebração ao Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, a primeira edição do “SapatonizeAGosto” tem oficina de poesia, sarau e rodas de conversa sobre afetividade negra lésbica. Uma das atividades, nesta sexta-feira, 26, é a oficina de “Escrevivência poética sapatão”, seguida de sarau “Sapatão Fora do Armário.
O Odara é apoiado pelo Fundo Brasil por meio dos projetos “Minha Mãe não dorme enquanto eu não chegar”, de 2016. A organização já havia sido apoiada em 2012, com o projeto “Gol de Placa – Mulheres Negras discutindo a Lei Geral da Copa e Fazendo Gol”.
A proposta apoiada atualmente visa sensibilizar e alertar cinco comunidades da periferia de Salvador (BA) para os danos e impactos causados pela violência policial e tráfico de drogas na vida de adolescentes, jovens negros e seus familiares. O projeto de 2012 teve o objetivo de garantir às trabalhadoras negras ambulantes a comercialização de seus produtos nas áreas de influência da Fifa (Federação Internacional de Futebol) durante a Copa do Mundo de 2014.
O Grupo Conexão G de Cidadania LGBT de Favelas, do Rio de Janeiro, fará o evento “Lésbicas da Favela: resistindo para existir” nesta segunda-feira, 29. Apresentações de maracatu do Baque Mulher, oficina, roda de conversa e dança fazem parte do evento.
O projeto “Jovens LGBT na luta pelo direito de existir” é apoiado pelo Fundo Brasil no momento e prevê a criação do Núcleo Itinerante muito prazer eu Existo, que tem o objetivo de levar acolhimento, atendimento, orientação, encaminhamento e acompanhamento a vítimas ou não de preconceito e discriminação por causa da orientação sexual e identidade de gênero nas áreas social, psicológica e jurídica.
O grupo Tambores de Safo promoverá exibição de filme, roda de conversa e apresentação musical para lembrar a data considerada importante para o movimento das mulheres lésbicas.
“Em tempos de avanço de fundamentalismos e retrocessos em direitos, visibilizar a nossa existência lésbica é resistir, é impedir que nos destruam”, afirmam as organizadoras do evento.
O Tambores de Safo foi apoiado pelo Fundo Brasil em 2014 por meio do projeto “Alerta Feminista Contra as Violências da Copa e dos Megaeventos”, que fortaleceu o debate feminista nos movimentos urbanos que denuciaram violações de direitos no contexto da Copa 2014. Após o evento esportivo, as ações do projeto foram focadas nas questões das mulheres negras e o direito à cidade.
Conheça a campanha NãoTáTranquiloNãoTáFavorável, realizada pelo Fundo Brasil.
Para ler o artigo publicado na Capitolina, clique aqui.