O Fundo Brasil de Direitos Humanos recebeu, de 12 a 15 de março, na cidade de São Paulo, ativistas de 91 organizações e coletivos de base de 23 estados, das cinco regiões do país, para o Encontro de Projetos. Essa atividade, realizada todos os anos, faz parte dos esforços de fortalecimento que o Fundo Brasil viabiliza para a sociedade civil. Tem como objetivo proporcionar oportunidades de diálogo e aprendizado para os grupos apoiados.
Participaram do encontro representantes dos projetos selecionados nos seguintes editais: Defensoras/es de Direitos Humanos – Desenvolvimento Institucional para Segurança Integral; Reconstruindo Direitos – Caminhos para Justiça Social; LGBTQIA+ Defendendo Direitos 2023; Mobilização em Defesa dos Espaços Cívicos e da Democracia 2023; e fundo emergencial SOS Amazônia.
“Esse é um momento muito importante para o Fundo Brasil porque nos dá a oportunidade de ouvir em profundidade quais são as prioridades e os desafios das pessoas que estão defendendo os direitos humanos por todo o país, e de conhecer suas propostas de transformação da realidade”, disse Ana Valéria Araújo, superintendente do Fundo Brasil, na abertura do encontro.
Em um coquetel de boas vindas oferecido aos participantes, o Fundo Brasil lançou um novo edital. “Povos Indígenas Lutando Por Justiça Climática”, o segundo da linha Raízes – Fundo de Justiça Climática para Povos e Comunidades Tradicionais. Leia mais sobre o edital clicando aqui.
“A linha Raízes é a iniciativa do Fundo Brasil para fortalecer os povos indígenas e as comunidades tradicionais que estão lutando por seu território, pela proteção dos biomas e dos modos de vida. Reconhecemos que esses povos e comunidades são fundamentais para a proteção do planeta”, disse Gersem Baniwa, integrante do Conselho de Administração da fundação.
Também compareceram Janiele de Paula, Mafoane Odara e Veriano Terto, integrantes do conselho.
“Sempre digo que esse é um momento de a gente se conhecer e se reconhecer. Nas lutas, nos encontros e também na festa. Um momento também para os ativistas saberem mais sobre o que o Fundo Brasil está fazendo, as oportunidades de apoio para cada luta”, celebrou Allyne Andrade durante as boas vindas às pessoas participantes.
Atividades coletivas
Durante os dias de atividades, as pessoas presentes tiveram a oportunidade de se reunir com coletivos que atuam em suas mesmas regiões geográficas para debater e sistematizar desafios específicos da defesa de direitos a partir desse recorte territorial, bem como as oportunidades de avanços democráticos que surgem das possibilidades de colaboração.
Em outro momento, os grupos se formaram a partir de afinidades temáticas, como defesa das terras indígenas, dos direitos das pessoas LGBTQIA+ e de pessoas defensoras de direitos humanos que estão na luta pela reabertura de espaços de representação popular, tais como fóruns e conselhos.
Karla Dias, coordenadora administrativa da Associação de Movimento para Travestis e Transexuais do Estado de Pernambuco (Amotrans), destacou a relevância do encontro para a articulação entre coletivos populares de luta por direitos. “Encontrei gente do meu estado, já trocamos contato e combinamos um intercâmbio. Essa outra organização vai mandar as pessoas trans que atuam lá, e nós vamos mandar as mulheres lésbicas e negras que trabalham com a gente”, disse.
Oficinas de formação completaram a programação do evento. Foram realizadas atividades específicas sobre proteção e segurança de pessoas defensoras de direitos humanos, escrita de projetos para inscrição em editais de fundos doadores, primeiros passos em comunicação estratégica para defesa de direitos e captação de recursos com empresas. “Esse encontro é importante para nossa organização porque cria elo e alianças nacionais, com organizações que já desenvolveram estratégias que a gente pode também levar para o nosso território”, disse Crislayne Zeferina, presidente do Instituto Conexão Perifa, incubadora do Coletivo Beco, no Espírito Santo. “As oficinas foram escolhidas por nós, tivemos esse momento de escolher o que queríamos aprender para fortalecer as nossas instituições de base.”