Desde 2013, mães de adolescentes que cumprem medidas socioeducativas no Ceará se reúnem com um objetivo em comum: fortalecer a luta contra as violações aos direitos dos seus filhos. Nos primeiros encontros, elas debateram as realidades de suas famílias. Depois, começaram a priorizar o diálogo com a Defensoria Pública, o Ministério Público e o Judiciário. Organizadas e mobilizadas, conquistaram parcerias e hoje estabelecem alianças com mães de outros estados que também enfrentam as violações e não aceitam ficar caladas. São #MãesdeLuta.
Reunidas no Grupo de Mulheres Familiares de Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa, as mães cearenses são apoiadas pelo Fundo Brasil para enfrentar a realidade de um sistema socioeducativo em crise constante e muito distante dos parâmetros legais e pedagógicos estabelecidos no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e nas normas internacionais sobre direitos humanos de crianças e adolescentes.
No final de abril, essas mães de luta avançaram em uma conquista: foram recebidas na Superintendência do Sistema Estadual de Atendimento Socioeducativo do Ceará após um ato público. Na audiência, puderam expor seus dramas, suas lutas e reivindicações.
No ato público, estavam acompanhadas de mães de outros estados, lutadoras e também apoiadas pelo Fundo Brasil em suas mobilizações. Todas se encontraram no seminário “Das Juventudes à Mulherada – Prisões e (In) Justiças”, realizado em Fortaleza (CE) com o apoio da fundação e puderam trocar experiências e unir forças.
Entre os grupos presentes estava o Odara – Instituto da Mulher Negra, que desenvolve o projeto “Minha mãe não dorme enquanto eu não chegar…” em Salvador (BA). O objetivo é sensibilizar e alertar comunidades da periferia da cidade para os danos e impactos causados pela violência policial e pelo tráfico de drogas na vida de adolescentes, de jovens e de seus familiares.
Uma dessas mães de luta na Bahia é Rute Fiúza, mãe de Davi, adolescente de 16 anos que desapareceu em 2014, supostamente sequestrado por policiais.
“Eles sequestram também nossos sonhos, nossos planos”, afirma Rute. A mãe lidera uma campanha para que o filho seja encontrado e para que outras famílias não precisem passar pela mesma situação.
Mães lutadoras de São Paulo e do Rio de Janeiro também participaram da mobilização no Ceará e unem suas pautas para exigir respeito.
Em São Paulo, o Fundo Brasil apoia o Movimento Mães de Maio, criado após o episódio em que mais de 500 civis foram assassinados no Estado de São Paulo após as mortes de policiais provocadas por uma facção criminosa, em maio de 2006.
“Eu não sabia sequer segurar um microfone, mas conquistei o diploma da vida”, costuma dizer Débora Silva, líder do movimento apoiado pelo Fundo Brasil desde o início de sua trajetória.
Outro exemplo de organização que reúne mães de luta é a Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência, que atua no Rio de Janeiro para fortalecer a luta de familiares de vítimas de violência do Estado. O grupo já recebeu diversos apoios do Fundo Brasil.
Fundo Brasil
O Fundo Brasil é uma fundação independente, sem fins lucrativos, que tem a proposta inovadora de construir mecanismos sustentáveis para destinar recursos a defensores e defensoras de direitos humanos em todas as regiões do pais.
A fundação atua como uma ponte, um elo entre organizações locais e potenciais doadores de recursos.
Em dez anos de atuação, a fundação já destinou R$ 12 milhões a cerca de 300 projetos em todas as regiões do país. Além da doação de recursos, os projetos selecionados são apoiados por meio de atividades de formação e visitas de monitoramento que fortalecem as organizações de direitos humanos.
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