A defesa dos direitos humanos sempre fez parte da vida da professora Genilda Maria da Penha. Há três décadas, sensibilizada após assistir na TV o drama de mulheres falando sobre familiares e amigos mortos em uma chacina na favela da Coréia, no Rio de Janeiro, ela resolveu criar o Ceabir (Centro de Estudos Afro Brasileiro Ironides Rodrigues). No bairro Engenhoca, em Niterói, a organização dirigida por mulheres negras produz materiais educativos, realiza oficinas, reuniões, conversas e encontros voltados aos adeptos das religiões afro-brasileiras.
O Ceabir foi inspirado pelas dores das mulheres e a necessidade de lutar pelos direitos. Forte sem abrir mão do sorrido aberto, Genilda tem uma frase exemplar para falar sobre a importância do ativismo.
“Nós somos gravetos. Mas junta os gravetos e tenta quebrar no joelho. Quebra o joelho, mas não quebra os gravetos”, diz.
A organização foi apoiada pelo Fundo Brasil de Direitos Humanos em 2014 e em 2015. O primeiro projeto, “Terreiro legal: o povo de santo conhecendo e garantindo seus direitos”, teve como resultado a elaboração de materiais educativos e de comunicação, encontros informativos sobre aspectos legais relacionados ao exercício do direito à liberdade de crença e de religião e instrumentalização do povo de terreiro para o exercício da cidadania e combate à intolerância religiosa.
O segundo projeto, em desenvolvimento, dá continuidade ao primeiro e informa e treina os sacerdotes praticantes das religiões de matriz africana sobre os aspectos legais relacionados ao livre exercício do direito à liberdade de crença e de religião garantidos pela legislação brasileira.
Segundo Ana Bartira Penha Silva, filha de Genilda, as violações de direitos acontecem sempre contra os terreiros menores, que não são da “nata”. Ela considera importante divulgar que os terreiros são espaços abertos, que atendem todo mundo.
O enfrentamento ao racismo é uma das temáticas apoiadas pelo Fundo Brasil ao longo de dez décadas de atuação. Muitas vezes as violações relacionadas ao racismo estão ligadas à prática de religiões afro-brasileira.
Outro projeto apoiado pela fundação nesse contexto é o jogo educativo “Contos de Ifá: a vida do encantado”, do Centro Cultural Coco de Umbigada, de Pernambuco. O jogo foi lançado para alunos, professores e gestores da comunidade Guadalupe, em Olinda (PE).
A fundação também já apoiou a organização Filhos do Abassá, de São Paulo, por meio do projeto “Defesa e garantia de uso dos territórios sagrados da grande São Paulo pelos povos e comunidades tradicionais de matriz africana”; o Ilê Asé Iyemonjá Omi Olodô, do Rio Grande do Sul, com o projeto “Capacitação em saúde, direitos humanos e protagonismo social de lideranças religiosas do Núcleo RS da Rede Nacional de Religiões Afro-brasileiras e Saúde”; o Omolàiyé – Sociedade de Estudos Étnicos, Políticos, Sociais e Culturais, de Sergipe, com o projeto “Idará: construindo cidadania com as comunidades de terreiros”; o Ilê Axé Omidewa, com o projeto “Direitos humanos para comunidades de terreiros”; e o Omi-Dudú – Núcleo de Resgate e Preservação da Cultura Afro-brasileira, da Bahia, com o projeto “Comunicação Política e Políticas da Comunicação”.
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