Com uma palestra focada na mobilização de diferentes atores sociais para captar recursos para emergências – no caso, a pandemia de Covid-19 –, integrantes do Fundo Brasil de Direitos Humanos conduziram, nesta terça-feira, um painel na 13ª edição do Festival ABCR. O evento, organizado pela Associação Brasileira de Captadores de Recursos, é a maior conferência voltada para capacitação e formação de redes de contatos para profissionais de captação de recursos na América Latina.
Com a participação no evento, o Fundo Brasil contribui para o fortalecimento de uma cultura de doação no país, o que significa aumentar o apoio da sociedade em geral para causas importantes relacionadas à defesa de direitos, nos mais diversos focos. Pelo segundo ano consecutivo, o festival ocorreu em plataforma virtual, entre os dias 28 e 30 de julho. Nesta edição, teve a participação de mais de 500 pessoas do Brasil e do mundo.
No painel Instituições + artistas + doações individuais = R$ 2,4 milhões contra a Covid-19, a superintendente adjunta do Fundo Brasil, Allyne Andrade, e a gerente de Relacionamento com a Sociedade, Débora Borges, apresentaram o plano estratégico que permitiu à fundação construir rapidamente uma linha de apoio emergencial para ajuda humanitária logo nas primeiras semanas da pandemia no Brasil.
Abrindo a apresentação, Allyne Andrade destacou que a captação de recursos é uma ferramenta de fortalecimento da democracia. “Quanto mais fortalecido está o campo da sociedade civil, e isso se faz também através da doação de recursos, mais fortalecida está a nossa democracia. O nosso trabalho é captar recursos e colocá-los no campo para essas organizações. Essa é uma estratégia para que esses grupos tenham capacidade de fazer o que fazem de melhor, que é agir na defesa dos direitos humanos, de acordo com as necessidades de seus territórios”, disse a superintendente adjunta.
Debora Borges explicou a estratégia de mobilização de artistas e influenciadores na campanha de captação de recursos para o enfrentamento às consequências sociais da pandemia. Com os recursos captados junto a indivíduos, grandes doadores, fundações e institutos nacionais e internacionais, o Fundo Brasil construiu o Fundo de Apoio Emergencial: Covid-19.
Em três meses, foram doados R$ 2,5 milhões a 275 pedidos de comunidades e grupos de todo o país.
“Eu dou crédito do sucesso da iniciativa ao envolvimento de todo o Fundo Brasil nesse processo de captação de recursos. O captador não é responsável sozinho pelo sucesso desse trabalho. É preciso o comprometimento da direção, da superintendência, se ele tiver o apoio de outras áreas, de projetos e programas, por exemplo. Então é preciso envolver toda a organização para alcançar mais pessoas. É preciso a união de todas as partes para atender aos grupos apoiados”, disse.
Allyne também falou sobre o movimento solidário que se formou durante os meses da campanha, o que possibilitou às pessoas ampliarem o conhecimento sobre o que são os direitos humanos e a olharem as iniciativas do Fundo Brasil que trabalham para garantir esses direitos.
“Esse fundo emergencial foi um movimento muito bonito, primeiro em perceber que, em meio ao caos, a gente vê a sociedade civil mobilizada para ajudar e apoiar suas comunidades. Então foi um movimento de construção de uma teia de afeto, mas que se constrói também na luta, onde a captação de recursos é um dos elementos dessa luta pelos direitos humanos”, contou Allyne.
Débora também explicou o porquê de o Fundo Brasil apoiar campanhas emergenciais. “É uma forma de garantir a existência e a resistência das organizações que estão na ponta, que enfrentam violências diariamente e, por isso, sabem quais são as possíveis saídas. É uma reação contra a falta de política pública e contra a falta de apoio emergencial. Então tudo isso tem um valor político de reconstrução, reorganização dos movimentos sociais em favor de políticas públicas que deveriam ser para todas e todos”, finalizou.
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O Fundo de Apoio Emergencial: Covid-19 destinou recursos de R$ 5 mil a R$ 10 mil a grupos de base e ativistas, para aplicação em ações humanitárias, como distribuição de alimentos e kits de higiene, apoio logístico para distribuição das ajudas e manutenção do trabalho de defesa de direitos durante o distanciamento social.
Sobre o Fundo Brasil
O Fundo Brasil tem a missão de promover o respeito aos direitos humanos no país, criando mecanismos sustentáveis, inovadores e efetivos para fortalecer organizações da sociedade civil e para desenvolver a filantropia de justiça social.
Por meio de editais, promovemos uma seleção isenta de projetos voltados à defesa de direitos. Além do apoio financeiro, os projetos também contam com acompanhamento qualificado de nossa equipe no sentido de fortalecer o trabalho, com respeito às especificidades e estratégias de cada coletivo, e de consolidar redes de ação.