Entre os dias 22 e 26 de abril, aconteceu em Brasília o Acampamento Terra Livre. A 20ª edição do ATL reuniu cerca de 9 mil pessoas, representando mais de 200 povos, de todas as regiões e biomas do território brasileiro. O Fundo Brasil de Direitos Humanos apoiou a ida de organizações indígenas para a mobilização realizada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), em conjunto com as organizações regionais que articulam esses povos: Apoinme, Arpinsul, Arpinsudeste, Aty Guasu, Comissão Guarani Yvyrupa, Coiab e o Conselho do Povo Terena. Organizações parceiras e apoiadas nos editais da fundação estiveram na capital federal para participar das atividades.
Juliane Yamakawa, assessora de projetos do Fundo Brasil, e Amanda Camargo, coordenadora de projetos do Labora – Fundo de Apoio ao Trabalho Digno, acompanharam mesas, seminários e lançamentos de chamadas para apoio durante os dias de ATL. Na semana da mobilização indígena, a equipe do Fundo Brasil divulgou o edital Povos Indígenas Lutando por Justiça Climática, que está com inscrições abertas até 7 de maio, às 23h59 (horário de Brasília). Esse edital, lançado em parceria com o Instituto Itaúsa, tem como objetivo fortalecer povos indígenas e seus modos de vida na Amazônia e fora dela, reconhecendo a importância e protagonismo dos povos originários e de seus conhecimentos tradicionais para o enfrentamento da crise climática global.
Na quinta-feira, dia 24, a equipe do Fundo Brasil acompanhou dois lançamentos de apoio a projetos: a 2ª Chamada de Projetos do Podáali – Amazônia Indígena Resiste: “Na defesa e cuidado com as vidas” e o Projeto Dabucury “Gestão Territorial e Ambiental na Amazônia Indígena”, Coordenadoria Ecumênica de Serviço – CESE e a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira – COIAB, com apoio do Fundo Amazônia/BNDES.
A seguir, veja depoimentos e fotos de lideranças das organizações contempladas nos editais Em Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas, Apoio Emergencial para organizações indígenas na Amazônia Legal – SOS Amazônia e Defensoras/es de Direitos Humanos: Desenvolvimento Institucional para Segurança Integral.
Edinho Batista (Macuxi) | Tuxaua Geral do Conselho Indígena de Roraima (CIR)
“A mobilização em Brasília realmente mostra a força dos povos indígenas, mostra de fato que não existe um grupo de pessoas, existe uma nação indígena. O ATL é muito fundamental, ele é um encontro mundial de povos e culturas diferentes, mas o propósito de pensamento é único: de poder defender o território, a liberdade e a dignidade do nosso povo. Nós temos o Fundo Brasil com um parceiro quase histórico que tem apoiado de forma direta ou indiretamente. A nossa parceria não se limita na questão financeira, mas na questão política. E uma delas foi na questão da confiança. Agora é fortalecer e continuar com a parceria.”
Marlene Araújo (Madiha Kulina) | OPIJU – Organização dos Povos Indígenas do Juruá
“A ATL é de grande importância por toda a troca de experiência que os povos vêm trazendo de seus estados. Às vezes pensamos que estamos passando por uma situação isolada e aí você vê que outros estados também estão da mesma forma, claro que em contextos diferentes, logísticas diferentes. É muito aprendizado. E o Fundo Brasil é essencial tanto em presença como no apoio a projetos, que é muito facilitado para os povos indígenas, porque a gente vê outras possibilidades com muitos detalhes necessários para participar. Para o parente é difícil entender as palavras técnicas, além da dificuldade no acesso a internet. Já o Fundo Brasil não, ele é diferenciado, porque ele traz um contexto de perguntas e o histórico da própria organização, assim facilita pra nós. O Fundo Brasil é que nem um movimento pra nós, de grande importância, vamos continuar do jeito que tá, abraçando a causa e caminhando junto com a gente.”
Rosimere Teles (Arapaço) | Conselheira do Fundo Podáali, membro da coordenação Makira E’ta
“Como parte da sociedade, nós temos direitos. Existimos desde antes da colonização, estamos aqui reivindicando os nossos direitos do nosso território. Quando garantimos direitos dos nossos territórios, estamos reivindicamos as nossas vidas, a continuidade das nossas vidas enquanto pessoas humanas. Para nós, o Fundo Brasil tem sido importante, está sendo importante, vai ser importante e necessário continuar essa parceria. O Fundo conhece a nossa realidade, porque estamos na luta todos os dias, o Fundo nos entende e tem dado a mão nas horas mais necessárias para ajudar a defender, para resguardar as nossas vidas.”
Ygá | Coletivo Etinerâncias / Associação Ybityra Porang Tupinambá
“O Fundo Brasil tem sido um parceiro desde o princípio. Eu acredito que é importante a gente pensar na manutenção de fundos a longo prazo. A gente sabe que não é um ano ou seis meses que resolvemos os problemas. Estamos falando de lacunas históricas, mas a importância da gente estar construindo um processo firme, um processo que consiga garantir uma permanência e defesa de vidas. Quando a gente tá falando de vidas, a gente não está falando só de números, precisamos de recursos para defendê-las, e não só de recursos financeiros, a gente precisa de articulação política, de recursos técnicos, de recursos humanos na linha de frente desse caminho de proteção. Então, quero agradecer ao Fundo Brasil por essa parceria.”