No dia 16 de maio, em Brasília, aconteceu o II Aquilombar, ato político-cultural pela defesa dos direitos de comunidades quilombolas do país. Organizado pela Coordenação Nacional de Articulação de Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), a mobilização reuniu cerca de 5 mil quilombolas na Capital Federal com o tema “ancestralizando o futuro”.
A 2ª edição do Aquilombar contou com feira temática quilombola, oficinas, performances culturais, rodas de conversa e com uma marcha pelas ruas de Brasília. O Fundo Brasil de Direitos Humanos é parceiro da Conaq e apoia o fortalecimento da agenda política e a resiliência das organizações e comunidades quilombolas de todo o Brasil. O II Aquilombar foi apoiado com recursos no âmbito da parceria.
Hoje, o Brasil tem uma população quilombola de pelo menos 1,32 milhão de pessoas e cerca de 6 mil quilombos no território nacional. “Realizar o II Aquilombar para a Conaq é dizer que nós estamos aqui! Defendendo a vida, defendendo pessoas. Muitos dos nossos se foram por essa luta, mas ela continua, as comunidades estão prontas para continuar em marcha, para continuar o debate por justiça de direitos e justiça climática”, afirma Kátia Penha, coordenadora nacional da Conaq-ES.
“Nossos territórios são os mais preservados em todos os biomas. Nós produzimos alimento que vão para a mesa de todos os brasileiros. Nós fazemos com que a educação e a saúde cheguem às nossas comunidades”, conta Kátia. Em um estudo do MapBiomas, foi constatado que, em 38 anos, os territórios quilombolas perderam apenas 4,7% de vegetação nativa, enquanto nas áreas privadas a perda foi de 17% no mesmo período.
A equipe do Fundo Brasil esteve presente nas atividades do II Aquilombar em Brasília representada por Allyne Andrade, superintendente adjunta; Gislene Aniceto, gerente geral; Mayana Nunes, assessora de projetos; e Raquel Oni, assessora de investimento social.
“O Fundo Brasil tem uma longa relação com a Conaq. O apoio aos movimentos quilombolas está no DNA da defesa de direitos. Compreendemos que não é possível fazer defesa de direitos e criar o país que a gente precisa sem o movimento quilombola. Temos confiança no trabalho da Conaq. Esse relacionamento se intensificou desde 2021, com um apoio à Conaq através das cartas-convite, com foco na articulação política, no fortalecimento institucional das vinte e quatro representações estaduais da Conaq e na coordenação nacional, por meio da Negra Anastácia. Em 2023, fizemos o edital de agricultura quilombola, que está recebendo as doações agora, e temos o SOS Quilombola”, conta Allyne Andrade, superintendente adjunta do Fundo Brasil.
Durante o Aquilombar, foram entregues pelo governo oito certificações, dois Relatórios Técnicos de Identificação e Delimitação, quatro portarias de reconhecimento e um Programa de Apoio e Fortalecimento ao Etnodesenvolvimento. Ao final, a Conaq publicou uma Carta Política do II Ato Aquilombar.
“A Conaq é um dos principais movimentos sociais brasileiros. A gente entende a importância da Conaq não somente para o fortalecimento da democracia brasileira, mas a importância simbólica e cultural dos quilombos brasileiros terem produzido novas formas de vida, respeitando a liberdade, a propriedade coletiva e o meio ambiente”, finaliza Allyne.
Sobre a parceria com a Conaq
O Fundo Brasil de Direitos Humanos, em parceria com a Fundação Ford, apoia a Conaq em uma iniciativa de transferência de conhecimento. Seu objetivo é impulsionar a capacidade de gestão e de apoio a projetos e a sustentabilidade desta que é a maior organização quilombola do país.
Pretende-se que a Conaq se aproprie desses conhecimentos e desenvolva outros para construir de forma autônoma suas estratégias e metodologias para apoiar a luta dos quilombos por direitos, terra, renda, soberania e segurança alimentar, e o desenvolvimento de suas organizações em todo o país. Saiba mais.
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