O ativista Jânio da Silva, 22 anos, do Fejunes (Fórum Estadual de Juventude Negra do Espírito Santo), luta diariamente por uma nova sociedade, sem opressão.
“A gente vive numa sociedade racista”, disse em vídeo gravado pelo Fundo Brasil. “É como se fosse determinado para o jovem negro: ou é cadeia ou é morte. Como se o jovem não tivesse outras possibilidades”.
O Atlas da Violência 2016, um estudo realizado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, não desmente a percepção de Jânio.
De acordo com o estudo, os jovens negros e com baixa escolaridade são as principais vítimas de homicídios no Brasil. O número de negros vítimas de homicídio no país aumentou 18,2% entre 2004 e 2014.
Aos 21 anos, idade considerada o auge da probabilidade de uma pessoa ser vítima de homicídio no Brasil, os negros e os pardos têm 147% mais risco de serem mortos em comparação com brancos, amarelos e indígenas.
Em um contexto como esse, o enfrentamento ao racismo é um dos temas apoiados pelo Fundo Brasil de Direitos Humanos e, em vários dos projetos apoiados, a temática está associada ao ativismo da juventude.
Jânio da Silva faz parte de um desses projetos. Apoiado em 2008, 2009 e 2014, o Fejunes realiza a Campanha Estadual Contra o Extermínio da Juventude Negra, que mobiliza a juventude negra para a consolidação dos processos políticos de resistência contra o extermínio.
Desde 2008 a campanha denuncia o quadro de violência. A intensificação do debate permite o avanço do enfrentamento à violência institucional e ao racismo.
A fundação já apoiou também a Articulação Política de Juventudes Negras, que realizou o projeto “Rodas de conversa sobre juventudes negras: identidade, desenvolvimento e genocídio”. Voltado para jovens de 15 a 29 anos, a iniciativa promoveu rodas de conversa em espaços juvenis a partir das temáticas identidade, desenvolvimento e genocídio. As experiências foram contadas em textos publicados no livro “Juventudes Negras do Brasil – trajetórias e lutas”.
Apoiado no início da trajetória da fundação, em 2007, o Instituto Cultural Steve Biko realizou o projeto “Juventude Negra Mobilizando-se por Antirracismo e Direitos Humanos na Bahia”, que consolidou o Grupo de Jovens Defensores de Direitos Humanos e Antirracismo e realizou encontros, oficinas e criou um observatório jovem de direitos humanos para mapear as violações e fortalecer os defensores. A organização foi apoiada também em 2008.
O mapeamento de lideranças jovens do movimento negro e articulações em quatro estados do Nordeste fizeram parte do projeto “Raça e Juventude no Nordeste: dialogando novas percepções”, da organização Canto Jovem. O grupo participou da construção do 2º Encontro Nacional de Juventude Negra.
No Rio de Janeiro, o Fórum de Juventudes RJ criou com apoio do Fundo Brasil o aplicativo Nós por Nós para enfrentar violações de direitos em dez favelas. A ferramenta foi construída por jovens negros moradores de áreas militarizadas. O grupo já havia sido apoiado também em 2014.
Protagonismo
Este ano, momento histórico de protagonismo dos jovens na luta por seus direitos, o Fundo Brasil apoia 15 projetos que têm como foco a juventude no enfrentamento à violência, principalmente a juventude negra. As propostas foram selecionadas por meio do edital específico “Juntos/as contra a violência que mata a juventude brasileira” e estão distribuídas em dez estados brasileiros.
Duas organizações da Bahia têm projetos apoiados por meio do edital. Uma delas é a Revista Afirmativa, com o projeto “A juventude comunica pelo direito à vida!”. A outra organização baiana é o Odara Instituto da Mulher Negra, com o projeto “Minha mãe não dorme enquanto eu não chegar”.
O Ceará também tem dois projetos apoiados pelo Fundo Brasil. Um deles, apresentado pela Comissão Nacional de Juventude Indígena, é o “Na defesa do direito à vida e contra a violência sofrida pela juventude indígena do Ceará”. O outro, do Comitê Cearense pela Desmilitarização da Polícia e da Política, é o “Polícia para quem? Desmilitarização da segurança pública frente ao extermínio da juventude pobre e negra”.
Do Mato Grosso do Sul são apoiados os projetos “O despertar da juventude indígena para seus direitos”, do Núcleo de Assessoria Jurídica Popular – Najup; e “Na trilha da esperança”, do CDDH Marçal de Souza Tupã-I.
O Rio de Janeiro também tem dois projetos apoiados: o “Adole(Sendo): pesquisa e intervenção com adolescentes petropolitanos cumprindo medidas socioeducativas”, do Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Petrópolis; e o “Jovens LGBT na luta pelo direito de existir”, do Grupo Conexão G de Cidadania para Moradores de Favelas.
Os dois projetos de São Paulo apoiados são o “RAProativo: juventude em resistência”, do RAProativo; e o “Hip Hop Brasil: velha escola e nova geração juntas contra a violência”, do Movimento Hip Hop Organizado (MH20) e Turma São Bento.
Também recebem apoio o Instituto Universidade Popular (Unipop), do Pará, com o projeto “Agência jovem de notícias Jovens Comunicador@s da Amazônia”; o Centro de Defesa e dos Direitos Humanos Carmen Bascarán, do Maranhão, com o projeto “Juventude livre para transformar”; a Comunidade de Oju Ifá, de Sergipe, com o projeto “Xangô menino: casos de violência à juventude negra”; o Grupo Ousadia Juvenil, do Rio Grande do Norte, com o projeto “Transformando realidades”; e o Levante Popular da Juventude, do Rio Grande do Sul, com o projeto “Rede de Enfrentamento ao Extermínio da Juventude”.
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