O livro “Juventudes Negras do Brasil – trajetórias e lutas” reúne contribuições de diversos ativistas do processo de organização das juventudes negras no país. Registros históricos, análises e denúncias permitem que os leitores conheçam uma parte das dores e das lutas desses jovens.
As dores
De acordo com o relatório Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência e Desigualdade Racial 2014, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os jovens negros são as principais vítimas e estão em situação de maior vulnerabilidade à violência no Brasil.
Segundo o levantamento, em todos os estados brasileiros, à exceção do Paraná, os negros com idade entre 12 e 29 anos correm mais risco de exposição à violência que os brancos na mesma faixa etária.
Um exemplo recente – e trágico – foi a morte de cinco jovens negros em Costa Barros, subúrbio do Rio de Janeiro, quando voltavam da comemoração pelo primeiro salário de um deles.
O risco de uma pessoa negra ser assassinada no Brasil é, em média, 2,5 vezes maior do que uma pessoa branca.
“Quando a polícia mata cinco negros na periferia, mesmo que sejam inocentes, há a presunção de que eles são culpados e mereciam aquilo”, analisa o antropólogo Osmundo Pinho, professor da Universidade do Recôncavo da Bahia.
As lutas
Por meio de campanhas, marchas e publicações, ativistas denunciam cada vez mais o genocídio da juventude negra e cobram ações urgentes do poder público e da sociedade de uma forma geral.
Não estão calados e contam com o apoio do Fundo Brasil em várias ações.
Realizada pelo Fejunes (Fórum Estadual de Juventude Negra do Espírito Santo), a Campanha Estadual contra o Extermínio da Juventude Negra foi apoiada pelo Fundo Brasil em 2008, 2009 e 2014, com o objetivo de mobilizar a juventude negra e a sociedade para a consolidação dos processos políticos de resistência.
A campanha “Racismo Mata”, organizada pela rede “Enfrentamento ao Genocídio da Juventude Negra”, também teve o apoio da fundação e conseguiu repercussão internacional.
Mais recentemente, o Fundo Brasil deu apoio emergencial para ajudar no lançamento do livro “Juventudes Negras do Brasil – trajetórias e lutas” durante a 3ª Conferência Nacional de Juventudes, realizada em Brasília.
Para Jorge Eduardo Durão, diretor presidente do Fundo Brasil, a sociedade brasileira tem a obrigação de se erguer contra o extermínio da juventude negra.
Ele lembra que desde o Império a polícia é treinada para identificar o jovem negro como inimigo. E isso precisa acabar.
Edital
O Fundo Brasil de Direitos Humanos acaba de lançar o edital “Juntos/as contra a violência que mata a juventude brasileira”, com inscrições abertas até o dia 26 de fevereiro.
A fundação vai doar até R$ 560 mil a projetos que tenham como foco a juventude no enfrentamento à violência, principalmente a juventude negra. Cada grupo selecionado receberá uma doação de até R$ 40 mil para o período máximo de um ano.
Lançado em formato de história em quadrinhos, o edital tem como foco o fato de ser fundamental criar condições para que os jovens sejam os principais sujeitos no enfrentamento à violência que os atinge.
Fundo Brasil
O objetivo do Fundo Brasil é promover os direitos humanos e sensibilizar a sociedade para que apoie iniciativas capazes de gerar novos caminhos e mudanças significativas para o país.
A fundação disponibiliza recursos para o apoio institucional e para atividades de organizações da sociedade civil e de defensores de direitos humanos em todo o território nacional.
Em quase dez anos, já destinou R$ 11,7 milhões a cerca de 300 projetos em todas as regiões do país.
Além da doação de recursos, os projetos selecionados são apoiados por meio de atividades de formação e visitas de monitoramento.
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