Maio, o mês das mães, é para dezenas de famílias um símbolo da luta em defesa da memória dos mortos pela violência do Estado. É também o mês em que mães de várias regiões do país se reúnem para exigir justiça. Nesse sentido, o “III Encontro Internacional de Mães Vítimas da Violência do Estado: Por Justiça, Reparações e Revolução”, ponto alto dessa agenda, será realizado entre os dias 16 e 21 de maio, na Universidade Federal da Bahia, em Salvador.
Em maio de 2006, mais de 500 pessoas foram assassinadas no Estado de São Paulo por homens encapuzados após as mortes de policiais provocadas pelo PCC. A matança, ocorrida entre 12 e 20 do mês, é um episódio conhecido como Crimes de Maio.
Depois dessas mortes, outras diversas chacinas semelhantes ocorreram em todo o país. Em novembro de 2014, por exemplo, onze pessoas foram assassinadas em cinco bairros de Belém (PA), após a morte de um policial militar. Em Manaus (AM), 37 pessoas foram executadas em julho de 2015 depois que um sargento foi morto ao reagir a um assalto. Osasco e Barueri, na Grande São Paulo, foram cenários de uma série de ataques, com as mortes de 23 pessoas, em agosto de 2015. Os assassinatos ocorreram após a morte de um policial durante roubo a um posto de gasolina. Este ano, uma onda de violência provocou dezenas de mortes em Belém após os assassinatos de dois policiais militares.
Estudiosos apontam que as frequentes chacinas em várias regiões do país seriam uma consequência do que aconteceu há 12 anos em São Paulo.
O “III Encontro Internacional” tem uma pauta ampla. Vai defender, por exemplo, a criação de um Fundo de Reparação Econômica, Psíquica e Social aos Familiares por parte do Estado; a aprovação de projeto de lei que visa à criação da Semana Estadual de Luta das Mães e Familiares Vítimas da Violência do Estado no mês de maio; aprovação de projeto de lei que dispõe sobre o funcionamento das perícias criminalísticas e médico-legal, visando mais autonomia para as mesmas; e o fortalecimento da Comissão da Verdade e da Democracia – Mães de Maio, recém-aprovada pela Assembleia Legislativa de São Paulo.
O encontro será marcado também por uma grande tristeza. Vera Lúcia Gonzaga, uma das fundadoras do Movimento Mães de Maio, morreu no último dia 3. Ela foi encontrada desacordada em sua cama. Na porta do quarto, ficou pendurada uma camisa do movimento.
Fundo Brasil
O Fundo Brasil apoia o encontro por meio de financiamento das viagens de cinco organizações que farão parte do debate. São elas: Grupo de Mulheres e Familiares de Adolescentes em Cumprimento de Medida Socieducativa, do Ceará; Rede de Comunidades e Movimentos Contra a Violência, do Rio de Janeiro; Amparar – Associação de Amigos/as e familiares de presos/as, de São Paulo; Criola, do Rio de Janeiro; e Mães do Curió, do Ceará, apoiadas por meio do Cedeca.
Os apoios foram concedidos por meio do Fundo de Pequenos Projetos, que permite o apoio à formação e à convergência entre parceiros.
O Fundo Brasil é uma fundação independente, sem fins lucrativos. É um elo entre doadores e organizações locais. Oferece apoio financeiro e técnico a essas organizações, para viabilizar projetos de defesa e promoção de direitos humanos. São iniciativas que empoderam pessoas e fortalecem a sociedade civil.
A fundação atua para que integrantes de grupos vulneráveis e vítimas de violações possam ser protagonistas de suas próprias causas, ampliando suas vozes para defendê-las.
A fundação tem ainda o objetivo de dar visibilidade ao papel das organizações na defesa dos direitos humanos. É também dessa forma que contribui para transformar realidades de violação e para o fortalecimento da democracia.
Saiba mais
Acompanhe nossas redes sociais: Facebook, Twitter e Instagram.