A Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras recebeu apoio emergencial do Fundo Brasil de Direitos Humanos para participar no dia 18/11, em Brasília, da Marcha das Mulheres Negras Brasileiras 2015: Contra o Racismo, a Violência e pelo Bem Viver.
A marcha foi idealizada para reunir o maior número possível de organizações de mulheres negras para defender a equidade racial, social e de gênero. Outros movimentos de mulheres também participarão.
As mulheres negras são 49 milhões no Brasil. De acordo com a organização da Marcha, o racismo, o machismo, a pobreza e as desigualdades social e econômica prejudicam a vida dessas mulheres. Questões como a dificuldade para entrar no mercado de trabalho, os salários menores, a construção negativa da imagem da mulher negra, a construção do papel social e direitos ainda não respeitados estão no centro da movimentação.
A Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras tem como missão promover a ação política articulada de organizações de mulheres negras brasileiras na luta contra o racismo, o sexismo, a opressão de classe, a lesbofobia e outras formas de discriminação. É formada por 27 organizações distribuídas por todo o país.
Os direitos das mulheres e o enfrentamento ao racismo são alguns dos temas apoiados pelo Fundo Brasil, fundado sob a orientação de ativistas e acadêmicos respeitados e que trabalha para dar voz e visibilidade a organizações de defesa de direitos humanos e desenvolver um novo modelo de doações para promover o investimento social privado.
Em 2015, por exemplo, a fundação apoia o projeto “Mulheres Negras de Fibra: renovando vidas no enfrentamento da violência contra a mulher”, da Associação de Mulheres Quebradeiras de Coco Babaçu do Município de São Luiz Gonzaga, no Maranhão.
O projeto desenvolve ações para mapear e qualificar os tipos e graus de violência; proporciona a criação de espaços de formação e informação sobre os instrumentos disponíveis para enfrentar a violência; promove atos públicos, audiências e seminários.
Outro projeto apoiado este ano é o “Mulheres Negras e Raspadeiras Lutando pelo Fim da Violência Institucional”, do Centro das Mulheres da Vitória de Santo Antão, em Pernambuco.
Desenvolvido desde 2011, o projeto é uma ação de formação social e política em gênero, raça e geração de renda. As mulheres enfrentam o desafio da violência institucional e a dificuldade de acesso aos direitos garantidos na Lei Maria da Penha e na Constituição.
Também parceiro da fundação em 2015 é o Inegra (Instituto Negra do Ceará), que desenvolve o projeto “Pelas Asas de Maat: ampliando o acesso à Justiça das mulheres em situação de privação de liberdade no Ceará”.
O Inegra iniciou recentemente o processo de formação política de 90 mulheres internas no Instituto Penal Feminino Desembargadora Auri Moura Costa, em Aquiraz, região metropolitana de Fortaleza.
Segundo o instituto, no Brasil a população carcerária é predominantemente negra, jovem e com baixa escolaridade. No Ceará, 70% das mulheres presas não têm informação sobre a própria situação processual e 57,3% não têm antecedentes criminais.
Fundo Brasil
Em quase dez anos de atuação, o Fundo Brasil, sediado em São Paulo, já destinou R$ 11,7 milhões a cerca de 300 projetos espalhados por todas as regiões brasileiras.
A fundação vai lançar no dia 2 de dezembro, no Sesc Vila Mariana, os editais 2016 para selecionar projetos de organizações ou indivíduos que serão apoiados em todo o país. O lançamento contará com show da atriz e cantora Letícia Sabatella, que faz parte do Conselho Curador do Fundo Brasil.
Os projetos selecionados recebem doação de recursos e são apoiados por meio de atividades de formação e visitas de monitoramento. A seleção é realizada em um amplo e rigoroso processo, que inclui triagem interna, análise da diretoria e de um comitê formado por especialistas em direitos humanos.