Há um ano, na noite de 14 de março de 2018, ativistas de direitos humanos de todo o país foram surpreendidos por uma notícia assustadora e revoltante: a vereadora Marielle Franco, do PSOL, havia sido executada na região central do Rio de Janeiro, ao voltar de um debate com mulheres negras na Lapa. O carro em que ela estava, sentada no banco traseiro, foi atacado a tiros – quatro disparos acertaram a cabeça da parlamentar e três as costas do motorista Anderson Gomes.
Feminista, negra, socióloga, criada na Maré, comunidade da zona norte do Rio, Marielle era uma militante social e política que conquistava cada vez mais espaço após anos de trabalho como assessora do deputado Marcelo Freixo, também do PSOL – ele costuma dizer que ela era sua filha.
Foi a quinta vereadora mais votada para a Câmara Municipal do Rio e era uma referência para a defesa dos direitos humanos no estado que vive uma rotina de violações em favelas e regiões periféricas.
A notícia sobre a execução fez com que vários representantes de movimentos sociais fossem para o Estácio, onde o crime aconteceu. Sentados nas calçadas ou abraçados nas proximidades do carro em que Marielle e Anderson morreram, pareciam estarrecidos com a dimensão da violência em um contexto de graves retrocessos e ameaças a defensoras e defensores de direitos humanos.
No dia seguinte, o velório da vereadora e do motorista, na Cinelândia, foi marcado por comoção e uma grande mobilização por justiça. O assassinato de Marielle ganhou repercussão internacional e ela transformou-se em um símbolo global das lutas por direitos.
Hoje, ativistas que há um ano vivem a sensação de perplexidade e indignação voltam às ruas para lembrar Marielle e Anderson, continuar cobrando justiça e protestando contra a violência.
O “Festival Justiça para Marielle e Anderson” tem uma extensa programação em várias cidades do Brasil e também de outros países. A prisão de dois suspeitos, esta semana, é tratada como um importante avanço nas investigações, mas ainda há respostas fundamentais a serem dadas: “Quem mandou matar?” e “Por quê?”
Festival Justiça para Marielle e Anderson no Rio
8h – Amanhecer por Marielle e Anderson
Onde: Estácio, onde ocorreu o crime
*ativistas vão realizar ações semelhantes em todo o país, enfeitando praças públicas em homenagem a Marielle
10h – Missa e ato ecumênico
Onde: Igreja da Candelária, Centro do Rio
14h – Aula pública “Eu sou porque nós somos”
Onde: Cinelândia
16h – Ato político e cultural “Por Marielle e Anderson, eu me levanto”
Onde: Cinelândia
Festival Justiça para Marielle e Anderson em São Paulo
8h – Amanhecer por Marielle e Anderson
Onde: diversas regiões do Estado
17h – Justiça para Marielle: vidas negras e periféricas importam! 14M
Onde: avenida Paulista – praça Oswaldo Cruz
Festival Justiça para Marielle e Anderson em outros países
Serão realizadas manifestações na Austrália, Alemanha, Argentina, Canadá, Colômbia, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Inglaterra, Itália, Milão, Portugal, Suécia e Suíça.