O movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam), dos Estados Unidos, estará no Rio de Janeiro esta semana para participar de uma série de atividades com familiares de vítimas de violência policial e representantes de organizações de direitos humanos. As atividades fazem parte do “Julho Negro”.
Três grupos apoiados pelo Fundo Brasil de Direitos Humanos estão entre os organizadores da visita e das atividades: Rede de Comunidades e Movimentos Contra a Violência, Movimento Mães de Maio e Fórum de Juventudes do Rio de Janeiro. A Justiça Global, o Fórum Social de Manguinhos, o Coletivo Papo Reto, a Campanha pela liberdade do Rafael Braga e a Campanha Don´t Kill For Me: Safe Games for All também fazem parte da articulação.
O Black Lives Matter foi criado há três anos a partir de uma campanha nas redes sociais contra a absolvição de um policial branco acusado de matar o adolescente negro Trayvon Martin.
Ao protagonizar vários protestos em 2014, logo após as mortes de Michael Brown e Eric Garner, também por policiais brancos, o movimento conquistou repercussão internacional.
No Rio, as atividades têm o objetivo de aproximar as lutas de familiares de vítimas da violência policial no Brasil e nos Estados Unidos.
“Aqui, como lá, há uma prática sistemática e generalizada de mortes provocadas por agentes do Estado, cujas principais vítimas são jovens negros moradores de periferias”, dizem os organizadores da visita.
Segundo a Anistia Internacional, mais de 2.500 pessoas foram mortas pela polícia na cidade do Rio de Janeiro desde a escolha como sede dos Jogos Olímpicos. Em 2015, a polícia cometeu um em cada cinco homicídios registrados na capital.
Nos EUA, relatório da Anistia Internacional revelou ano passado que todos os 50 estados, mais o Distrito de Columbia, não cumprem as normas internacionais sobre o uso de força letal pela polícia.
Recentemente, as mortes de negros pela polícia provocaram protestos em várias cidades americanas.
Atividades
O primeiro ato público com a participação do Black Lives Matter será uma vigília pela liberdade de Rafael Braga, nesta quarta-feira, 20, em frente ao Ministério Público do Rio de Janeiro. Rafael foi preso e condenado por participar de protestos contra a Copa do Mundo no Brasil. No mesmo dia haverá uma roda de conversa sobre encarceramento e racismo no Brasil e nos Estados Unidos.
Na quinta-feira, 21, em Nova Iguaçu, o tema do debate será “Racismo na Baixada Fluminense: violências, intolerância religiosa e educação”. No mesmo dia haverá uma visita ao Museu da Maré, uma roda de conversa sobre violência racial e gênero, panfletagem nas ruas da Maré e exibição do vídeo da campanha “Racismo virtual: as consequências são reais”.
Na sexta-feira, 22, estão na programação uma visita a Manguinhos e encontro com mães de vítimas da violência; roda de conversa; e vigília na Candelária. No sábado, 23, haverá a caminhada “Candelária Nunca Mais” e a atividade “Jovem Negro Vivo”, no Méier.
Veja aqui a programação completa da visita.