Nesta semana em que comemoramos o Dia Internacional da Mulher, contamos um pouco da trajetória de cinco mulheres que defendem os direitos humanos em várias regiões do país.
Corajosas, elas enfrentam violações de direitos e os riscos de defender uma sociedade mais igualitária. Todas já receberam ou ainda recebem o apoio do Fundo Brasil para os projetos que representam.
Thaiane Sousa
A educadora popular Thaiane Sousa é ativista da Comissão Pastoral da Terra no Alto Xingu. Ela enfrenta, junto com outras pessoas, o tráfico de pessoas. “Usamos as escolas para sensibilizar as pessoas, repassar conhecimento”, diz. O projeto “Tráfico de pessoas – informações e enfrentamento” foi apoiado pelo Fundo Brasil por meio do edital anual 2014. A Comissão Pastoral da Terra é uma organização nacional, criada em 1975, em plena ditadura militar. Em 1999 foi instalada na região do Alto Xingu por causa de conflitos relacionados à terra e ao trabalho escravo. Segundo Thaiane, a região recebe trabalhadores que, por falta de informação, sequer sabem o que é trabalho escravo. O ativismo deixa a educadora sensível ao tema. Ela presta atenção a todos os sinais que podem indicar tráfico humano. No momento, faz parte de uma campanha a favor da instalação de uma Delegacia da Mulher na região. “É lamentável não termos uma delegacia que nos defenda”, protesta.
Genilda Maria da Penha
Em 1988, Genilda Maria da Penha, do Ceabir (Centro de Estudos Afro Brasileiro Ironides Rodrigues), em Niterói (RJ), viu na TV um grupo de mulheres falando sobre familiares mortos em uma chacina. Destroçadas, elas pareciam “mortas-vivas”. A imagem teve tanto impacto que inspirou o ativismo dessa mulher de voz forte e expressão alegre. No bairro Engenhoca, em Niterói, o contato com vítimas de violações e discriminações a inspirou a criar o Ceabir, dirigido por mulheres negras. Genilda é uma educadora popular. O Ceabir é apoiado pelo Fundo Brasil para desenvolver o projeto “Terreiro Legal: o povo de santo conhecendo e garantindo seus direitos”. Ela lembra que os terreiros são espaços políticos desde antes da abolição. “Nós somos gravetos. Mas junta os gravetos e tenta quebrar no joelho. Quebra o joelho, mas não quebra os gravetos”, ensina.
Marlene Borges
Apoiada pelo Fundo Brasil, a Acordi (Associação Comunitária Rural de Imbituba), atua pelos direitos de comunidades tradicionais de pescadores e agricultores nos Areais da Ribanceira, em Santa Catarina. É uma luta difícil, que exige resistência. E que tem como pilar Marlene Borges. Desde a década de 1950 as atividades industriais afetam as comunidades tradicionais em Imbituba. Marlene já passou por momentos de perseguição, decepção, desilusão. Mas não desiste. “Nós somos a pedra no sapato para o modelo de desenvolvimento que estão implantando”, afirma.
Joabe Pereira
Em Tapauá, município localizado a 769 quilômetros de Manaus por via fluvial, mulheres indígenas enfrentam dificuldades para serem ouvidas. A falta de voz no movimento indígena inspira o trabalho da Associação das Mulheres Indígenas de Tapauá. Joabe Pereira é uma liderança em busca de espaço para as mulheres. Trabalha em questões ligadas à sustentabilidade, saúde, direitos, crianças e adolescentes. “Defendemos que os indígenas assumam a própria identidade”, diz. A associação estimula, por exemplo, o estudo da língua materna. Incentiva ainda a participação das mulheres indígenas em espaços políticos e a busca pelo acesso aos serviços públicos. Joabe, guerreira, pede mais sensibilidade da sociedade brasileira para a causa.
Joseane Borges
Em 2006, Joseane Borges precisou de alguns serviços oferecidos pelo Centro de Referência LGBT do Piauí. Foi o primeiro passo para tornar-se uma importante ativista. Ela começou a participar de várias atividades e, mais tarde, fundou junto com Monique Alves a primeira associação de travestis e transexuais do estado. Em 2009, criaram o GPTrans (Grupo Piauiense de Transexuais e Travestis), organização apoiada pelo Fundo Brasil. Em uma década, são muitas as conquistas e parcerias na busca pela igualdade. Joseane hoje é coordenadora de Enfrentamento à Homofobia no Piauí. É referência nesta causa. E ela não para. No momento, está no quinto período do curso de Serviço Social. Busca a qualificação teórica e metodológica para seguir seu caminho de luta pelos direitos humanos para todas e todos.