Ao visitar a instalação interativa “Caminhando em seus sapatos…” , do Museu da Empatia, na manhã desta quarta-feira (13), no Parque do Ibirapuera, resolvi escolher um par de calçados sociais, número 41, para caminhar nos arredores. Achei grandes, mas confortáveis. E não imaginava a história que eles contariam por meio de fones de ouvido.
Enquanto andava meio desajeitada, ouvi a trajetória de um padre que encontrou a vocação ainda na infância e não deixou que os preconceitos sufocassem sua curiosidade. Católico, mesmo assim ele conheceu as tradições das religiões de matriz africana, estudou e compreendeu os rituais e, dessa forma, transformou-se um líder religioso que pratica a tolerância.
O depoimento do padre é um dos 25 que fazem parte da instalação inédita no Brasil. Os calçados ficam guardados em um contêiner em formato de uma enorme caixa de sapatos e dão acesso a depoimentos que estimulam a empatia. Ao escolher um sapato, o visitante recebe os fones correspondentes aos depoimentos.
A intenção é desenvolver a capacidade de olhar o mundo através dos olhos de outras pessoas, de forma que seja possível uma transformação de nossas relações interpessoais. A empatia é fundamental para o enfrentamento de desafios como o preconceito e as desigualdades.
O Fundo Brasil apoia essa experiência inédita no país e ajudou os organizadores a encontrarem algumas das histórias que são contadas por meio de depoimentos gravados pelos protagonistas. Cada depoimento tem duração de dez a 12 minutos.
Um deles é o de uma mãe que perdeu o filho para a violência policial e, a partir da tragédia, construiu um movimento de resistência que exige justiça e respeito à memória das vítimas de violações institucionais. Calçar as sapatilhas marrons, com detalhes dourados, dessa mãe é impactante.
Depoimentos como o do pai que aprendeu a respeitar a filha transexual ou da moça dedicada a ajudar alguém todos os dias causam emoção e vontade de ouvir mais e mais histórias.
Em um mural ao lado de fora da caixa de sapatos, os visitantes deixam recados em que descrevem suas impressões e revelam os sentimentos despertados pela caminhada com os sapatos de outras pessoas.
Intermuseus
A proposta do Museu da Empatia foi trazida de Londres para o Brasil pelo Intermuseus, uma associação civil sem fins lucrativos que busca idealizar, desenvolver, estimular e fortalecer ações no campo museológico, cultural e socioambiental que gerem impacto positivo e transformação social.
Museu da Empatia
Parque do Ibirapuera – área externa do pavilhão da Fundação Bienal de São Paulo, acesso pelo Portão 3.
Até o dia 17 de dezembro de 2017.
De terça a sexta, das 10h às 19h
Sábado e domingo, das 11h às 20h.
Entrada grátis | Capacidade de 25 pessoas por vez e senhas distribuídas no local