Uma reflexão sobre as formas e os conceitos da comunicação marcou o primeiro dia do VIII Encontro de Projetos do Fundo Brasil de Direitos Humanos, nesta terça-feira (2), em São Paulo. Debates e questionamentos fizeram parte da oficina coordenada pela jornalista e ativista Michelle Prazeres.
Os participantes são integrantes de 13 organizações de direitos humanos de várias regiões do país. Todas recebem o apoio da fundação por meio do edital 2014.
Além de mapear as ações de comunicação das organizações e refletir sobre isso, o encontro é uma oportunidade de interação entre os representantes dos grupos e a fundação.
Uma das primeiras atividades da oficina levou os participantes a pensar sobre o conceito de comunicação. Após apresentarem as atividades de suas organizações, eles definiram comunicação em uma ou duas palavras.
O resultado foi a formação de uma “nuvem” com definições como liberdade, conscientização, amnésia, mobilização, direito, essencial, hackear, influência, um tiro no escuro, diálogo e enegrecimento.
A “nuvem” mostrou que, na visão dos ativistas, os meios de comunicação hegemônicos não contemplam a diversidade das causas defendidas pelas organizações. A necessidade da construção de propostas para enfrentar essa situação foi um dos resultados da reflexão.
Em outro exercício, os participantes do Encontro de Projetos refletiram e debateram sobre a frequência com que se comunicam, como isso é feito no cotidiano e até os efeitos nocivos de estar ligado 24 horas por dia às redes sociais e ao telefone celular.
Em seus depoimentos, contaram que os celulares tocam até de madrugada. Relataram também a resolução de problemas pelo whatsapp, a troca de informações pelas redes sociais e a comunicação “até sonhando”.
A oficina serviu ainda para os integrantes dos grupos discutirem se o uso das ferramentas tecnológicas de comunicação significa ter informação consistente. Um exemplo citado foram as curtidas no Facebook sem ler tudo o que está escrito no texto postado.
Outro debate teve como tema a segurança das redes sociais, que podem ser monitoradas por órgãos repressivos e, dessa forma, colocar os ativistas em risco.
Ao expor suas ações de comunicação, os grupos mostraram formas criativas de chamar a atenção para suas causas. André Valeriano Almeida Guedes, do GTP (Grupo de Trabalhos em Prevenção Posithivo), por exemplo, mostrou imagens de uma ação que conquistou espaço na imprensa em Recife (PE). Sem roupa, ele cobriu o corpo com ketchup e ganhou destaque nos jornais.
Durante a oficina, Mãe Beth de Oxum, do Centro Cultural Coco de Umbigada, comandou uma roda de coco para mostrar uma das formas de comunicação que ela faz questão de manter. “Tá na hora do pau comer”, cantou, enquanto tocava um pandeiro e lembrava das barreiras que ainda precisam ser vencidas.
Os ativistas também refletiram e puderam expor os seus sonhos de conseguir mostrar o que defendem.
O Encontro de Projetos continua até quinta-feira (4).