A fotógrafa Clara Kanindé, da Federação dos Povos e Organizações Indígenas do Ceará – FEPOINCE, e o Coletivo Poesias de Luta, são os vencedores do Concurso Fotográfico – Direitos Humanos, Transformação Social 2024. O concurso destaca a importância das imagens na defesa de direitos humanos produzidas por grupos e ativistas da sociedade civil organizada.
Neste mês de dezembro, o Fundo Brasil completa 18 anos de atuação, promovendo o respeito aos direitos humanos no país. Como pontapé inicial nas ações de comemoração, anunciamos o resultado do concurso fotográfico. “O concurso quer mostrar o impacto do trabalho desses grupos e como eles fazem parte da nossa história, da história do Fundo Brasil”, diz Allyne Andrade, diretora executiva adjunta da fundação.
A votação aconteceu de 25 de novembro a 2 de dezembro, foram 1.781 formulários de votação preenchidos. Cada formulário dava direito a votar em 3 imagens diferentes por categoria, 6 votos no total. Desta forma, um total de 10.686 votos foram distribuídos entre 20 imagens, contabilizados na consulta popular.
Na categoria Grupos Apoiados, a FEPOINCE ficou com o primeiro lugar, somando 793 votos, 44,5% do total. O apoio mais recente da organização foi no edital Defensoras/es de direitos humanos: fortalecendo capacidades para proteção e segurança integral 2022. A foto vencedora é de uma anciã do Povo Tapeba, conforme a descrição da imagem enviada pela fotógrafa: “no olhar dessa anciã, é possível perceber a busca constante por forças para proteger sua comunidade, seus netos e a continuidade de suas tradições. Ela é uma figura de sabedoria e coragem, que, através de seu silêncio e firmeza, inspira as gerações mais jovens a continuar a lutar”.
Na categoria Geral, o Coletivo Poesias de Luta ficou com o primeiro lugar. A foto tem crédito coletivo, por ser um trabalho em conjunto de Rafael Conceição Costa e Werverton da Silva Santos que faz parte do documentário ATIKUM – ENTRE GERAÇÕES. A obra apresenta através da fotografia e do vídeo a história do povo Atikum da Aldeia Lagoinha, no sertão central de Pernambuco. O material busca relatar as lutas, gênese da ocupação geográfica, suas particularidades identitárias, desafios, ensinamentos e as vivências que interligam três gerações dos Atikum. No concurso fotográfico, a foto recebeu 899 votos, 50,5% do total e foi a imagem mais votada desta edição.
O Fundo Brasil agradece a todas organizações, coletivos, associações, fotógrafas e fotógrafos que se inscreveram no Concurso Fotográfico – Direitos Humanos, Transformação Social 2024! Mesmo as imagens que não ficaram entre as finalistas e as premiadas se tornam acervo da fundação e podem ser aproveitadas nas ações futuras do Fundo Brasil. O concurso é uma oportunidade para fotógrafas e fotógrafos de todo o Brasil compartilharem seu trabalho e contribuir para a promoção dos direitos humanos. Ao participar dele, as fotografias podem ajudar a sensibilizar a sociedade sobre a importância da defesa dos direitos humanos e inspirar outras pessoas a agirem em favor de um futuro com mais justiça social.
2º e 3º lugares
O segundo lugar entre os Grupos Apoiados ficou com o Grupo de Mulheres Negras Malungas, apoiada no edital Mobilização em Defesa dos Espaços Cívicos e da Democracia 2023 e no edital Enfrentando o Racismo a partir da Base 2024. A organização de Goiás recebeu 654 votos, 36,7% do total. A fotógrafa Mayara Varalho fez um retrato de Geralda Pereira, uma das integrantes das Malungas, que veste a camiseta do grupo referência na defesa de direitos das mulheres do Centro-Oeste.
Com 586 votos (32,9%), o terceiro lugar é do Coletivo Beco, na foto de Renato Moulin do Nascimento. A imagem mostra o projeto “Futravinha”, uma iniciativa que preserva a cultura do futebol de rua e une várias comunidades todo ano no Território do Bem, em Vitória (ES). O Coletivo Beco é apoiado pelo Fundo Brasil no Edital Geral 2023: Reconstruindo Direitos: Caminhos para a Justiça Social.
O segundo lugar da categoria Geral é de Walace Ferreira, com 646 votos (36,3%). No ato da inscrição no concurso, há um campo para contar a história da imagem inscrita. Walace comenta que sua imagem fala sobre o direito à infância. Ele diz: “enquanto fotógrafo documental negro e periférico, não tive registros da minha infância, e isso me provoca, ao olhar com os olhos de dentro, a busca das minhas próprias memórias e nelas, buscar em crianças que não são clicadas e que crescem sem ver a beleza do seu dia a dia, a força motriz de imagens que dão a ver e a sentir”. A imagem é composta por crianças na comunidade do Borel, no Rio de Janeiro.
A fotógrafa Liege Ferreira ficou em terceiro lugar na categoria Geral. Em mais uma edição do concurso, a diferença de votos do 2º para o 3º lugar foi pequena: apenas dois votos. Foram 644 votos (36,3%) para a imagem do Projeto Ilù Bàtà, de Porto Alegre (RS). “A música reflete a trajetória de uma cultura e seu povo, assim, a iniciativa visa trazer reconhecimento dos elementos fundantes constitutivos do som da musicalidade africana no Sul do país, na cena cultural gaúcha e metropolitana de Porto Alegre”, diz Rodrigo Rodrigues, coordenador do Ilù Bàtà.
O Concurso Fotográfico – Direitos Humanos, Transformação Social 2024 recebeu 587 fotos, que vieram das cinco regiões do país. Foram 140 inscrições de organizações e indivíduos no prêmio do Fundo Brasil. A categoria Grupos Apoiados teve 21 inscrições, e na categoria Geral foram 119 inscrições. As imagens passaram por uma triagem interna e depois foram analisadas por um comitê de especialistas formado pelas fotógrafas Isis Medeiros, Ludmila Pereira e Luene Karipuna. O comitê escolheu as dez fotos finalistas para cada categoria que foram submetidas a uma votação popular. Os/As vencedores/as receberão do Fundo Brasil certificados e prêmios: 1º lugar – 01 (uma) máquina fotográfica semiprofissional; 2º e 3º lugares – 01 (um) kit de acessórios fotográficos para celular, composto por tripé, ring light e bastão de selfie.
Veja como foi a votação!