Bamidelê – Organização de Mulheres Negras na Paraíba
Wa Bájà: Mulheres quilombolas na luta pela equidade racial e de gênero como um direito humano, por uma identidade negro-quilombola
Paraíba
Objetivos e público prioritário
O objetivo do projeto é articular a manifestação cultural da Ciranda à escola e à organização comunitária, visando constituir elementos para combater o racismo ambiental e fortalecer a identidade negro-quilombola na comunidade remanescente de quilombo denominada Caiana dos Crioulos no município de Alagoa Grande, na Paraíba.
Atividades principais
- Oficinas para debater ‘racismo ambiental’, termo usado para caracterizar a violência institucional que impõe à comunidade quilombola um quadro discriminatório marcado por ausência de efetivas políticas públicas;
- Oficinas sobre a Ciranda e Rodas de Ciranda a serem realizadas em momentos significativos da comunidade;
- Ciclos de debates para a construção de estratégias de incidência política;
- Seminário sobre o papel das mulheres quilombolas no enfrentamento à discriminação;
- Encontro de Cirandeiras de Alagoa Grande, em referência ao Dia da Consciência Negra – 20 de novembro;
- Encaminhar e debater documentos produzidos nas atividades em audiências com gestores públicos, municipais e estaduais, assim como com os poderes legislativos local e regional.
Contexto
As comunidades remanescentes de quilombos representam uma das expressões de resistência da população negra à escravidão e ao racismo. Caiana dos Crioulos é reconhecida enquanto remanescente de quilombo pela fundação Cultural Palmares e pelo Incra – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. No entanto, a comunidade dispõe de pouca infraestrutura, com equipamentos sociais e serviços que não funcionam adequadamente, especialmente nas áreas da saúde, educação, e no acesso e qualidade da água fornecida pelo Estado.
A situação de precariedade revela o racismo ambiental: “Chamamos de Racismo Ambiental às injustiças sociais e ambientais que recaem de forma implacável sobre etnias e populações mais vulneráveis. O Racismo Ambiental não se configura apenas através de ações que tenham uma intenção racista, mas, igualmente, através de ações que tenham impacto ‘racial’, não obstante a intenção que lhes tenha dado origem.” (Pacheco: 2007).
Sobre a organização
A Bamidelê – Organização de Mulheres Negras na Paraíba foi criada na perspectiva de articular a luta antirracista a um feminismo negro como elemento crucial para a construção da igualdade racial e eliminação da opressão vivida pelas mulheres negras no Brasil. O grupo atua na Paraíba, estado especialmente marcado por uma cultura profundamente racista, patriarcal e coronelista.
O grupo realiza ações promovendo o controle social das políticas públicas; atividades nas áreas de saúde da população negra, incluindo direitos sexuais e reprodutivos; cursos, palestras, oficinas, capacitações, seminários, ações de comunicação e campanhas de advocacy.
A Bamidelê conta com projeto apoiado pelo Fundo Brasil pela terceira vez. Os outros dois projetos foram “Fortalecendo a luta antirracista na Paraíba”, em 2009; e “Ação Afirmativa nas instituições públicas de ensino superior – em defesa das cotas raciais na Paraíba”, em 2010.
Parcerias
A execução das atividades tem o diferencial na forma interinstitucional de atuação com outras organizações feministas, como a Rede de Mulheres em Articulação na Paraíba, Movimento Negro Organizado na Paraíba e com comunidades remanescentes de quilombos.
O grupo integra ainda a Articulação Nacional de Organizações de Mulheres Negras; a Articulação de Mulheres Brasileiras; e a Rede Nacional Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos. Atualmente, a organização tem assento no Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de João Pessoa e no Fórum Estadual de Educação e Diversidade Etnicorracial da Paraíba.
Resultados
Uma das atividades do projeto foi a exposição “Olhares de Caiana”, em escolas de Alagoa Grande. Também em escolas houve o repasse de informações por meio da atividade “Conversando sobre racismo ambiental na escola”. O mesmo assunto foi tema de oficinas e rodas de diálogo. Em audiência com o prefeito da cidade, foi entregue a “Carta de Caiana”, com as principais reivindicações da comunidade.
Linha de Apoio
Edital Anual
Ano
2012
Valor doado
R$ 25 mil
Duração
12 meses
Temática principal
Enfrentamento ao racismo