Objetivos e público alvo
O projeto teve como enfoque dar instrumentos para enfrentar a submissão patriarcal e a negação de direitos às mulheres ciganas nômades de etnia kalom que vivem em acampamentos nas cidades de São Paulo, Itapevi, São Bernardo do Campo, Francisco Morato, São Roque, Itaim Paulista e Jundiaí.
Atividades Principais
- Documentação das ações em vídeo
- Envio de cópias do vídeo a profissionais da saúde, professores e policiais que trabalham no entorno dos acampamentos
- Também nos acampamentos, mais duas oficinas de consolidação e avaliação do aprendizado
- Três oficinas nos acampamentos abordando os temas direitos humanos, saúde e educação, voltadas apenas às mulheres
Contexto
A mulher cigana é caracterizada como charlatã, maltrapilha e trambiqueira. A cultura cigana a faz submeter-se ao patriarcado que determina que ela, ao casar-se, pertence à família do marido e a ele deve obediência mesmo que seja a responsável pelo sustento familiar. E ainda tem de lutar pelo reconhecimento da cidadania brasileira – sem comprovação de endereço não é possível ter acesso à emissão de documentos pessoais. Tal situação leva à exclusão do acesso à educação e, principalmente, ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Sobre a Organização
A missão da associação Cerci é promover os direitos humanos, o acesso à educação e à saúde de pessoas de etnia cigana, zelar por seus interesses coletivos, morais, culturais e materiais, e promover a circulação do conhecimento sobre tradição e cultura cigana no Brasil.
Criada em São Paulo em 2007, a organização tem como público alvo, especialmente, os ciganos de etnia kalom. A proposta pleitear políticas públicas que garantam a inclusão social e combatam a realidade de exclusão. De acordo com o grupo, o Brasil é único país que teve um presidente da república de ascendência cigana, Juscelino Kubitschek.
Parcerias
Associação Brasileira de Ciganos (Abraci-PR)
Associação de Preservação da Cultura Cigana (Apreci)
Coletivo de Ciganos Calom do Brasil
Defensoria Pública
Governo federal
União Cigana do Brasil, do Rio de Janeiro
Resultados
Foram realizadas 38 oficinas ao longo do projeto, o que permitiu ao grupo constatar a necessidade de rever parte dos temas e abordagens. Os oficineiros acompanharam algumas mulheres à primeira consulta ginecológica, bem como seus filhos e maridos à solicitação de consultas no SUS que antes não tinham coragem ou informações para pedir. Em momento algum as mulheres ciganas demonstraram interesse real pela escolaridade – a organização conseguiu que apenas os meninos fossem matriculados, mas nenhuma menina. Com isso, concluiu-se que será preciso um trabalho mais longo para a inclusão educacional das pequenas ciganas.