Objetivos e público alvo
Trabalhar processos de “escrita de si”, tendo a leitura, a escrita e a discussão de obras consagradas do rap nacional e internacional, escritos e cantados por outros homens negros, como principal conteúdo para abordar questões e problemas ligados a raça, gênero e violência.
Atividades Principais
Oficinas para jovens negros do Recôncavo da Bahia.
Contexto
A ausência de oportunidades para a juventude é um dos grandes problemas enfrentados na região, principalmente para os jovens negros. No caso de rapazes negros, há uma condição brutalizada que recai sobre eles. No horizonte das subjetividades racializadas no Recôncavo da Bahia (Cachoeira e São Félix), a pedagogia do pânico racial, ou a violência racializada, cumpre parte dessas tarefas de assujeitamento, e reconhecer isso é reconhecer o efetivo caráter político da violência racial (e de gênero) que marca a experiência na favela e na periferia. Nesse sentido, o desafio é trazer jovens negros para o exercício criativo da leitura e escrita poética, almejando potencializar aptidões, habilidades, talentos, um espaço possível para romper esteriótipos e estigmas engessados sobre a identidade de jovens homens negros da periferia.
Sobre a Organização
O Coletivo Brincadeira de Negão começou em 2013 como um projeto de pesquisa na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. O projeto foi desenvolvido por uma equipe multidisciplinar de estudantes, em diálogo com os professores e estudantes das escolas estaduais nas cidades de Cachoeira e São Félix, no Recôncavo Baiano, Bahia, mais particularmente na escola pública de ensino médio (Colégio Estadual Rômulo Galvão), onde se demonstrou um campo importante para as discussões sobre a produção de subjetividades masculinas racializadas. Inspirado pela “pesquisa ativista”, o grupo de pesquisa considerava a urgência de entender melhor os processos subjetivos, articulados como “estruturas de sentimento”, que conectam a subjetividade masculina e/ou popular a padrões particulares de práticas sexuais, identidade de gênero e violência/vitimização letal, drama social de alta intensidade, como tem mostrado o Mapa da Violência 2012/2013. A partir de 2017, o grupo iniciou um processo transitório, baseado no forte envolvimento com as questões da realidade social dos jovens com os quais estabeleciam atividades de pesquisa. A própria realidade do sistema escolar e as condições da educação pública, as adversidades e violências cotidianas das periferias levou o grupo a se repensar, com objetivos e interesses para uma atuação mais efetivamente política. Em 2018 o grupo se desvinculou institucionalmente da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, se reagrupou e se refundou como Coletivo Brincadeira de Negão, mantendo sua parceria com o Colégio Estadual Rômulo Galvão.