Objetivos e público alvo
O projeto visa colaborar para a defesa dos territórios sagrados dos povos tradicionais de matriz africana na região metropolitana de São Paulo que estão ameaçados pelo racismo ambiental e pela violência institucional dos municípios e outros órgãos.
Atividades Principais
- Apresentação da proposta do projeto ao conjunto de redes, fóruns e lideranças de terreiros atuantes na região metropolitana de São Paulo.
- Mapeamento dos territórios sagrados em conflito na região metropolitana e da legislação que os regulamentam (Reservas Florestais e Unidades de Conservação, públicas e privadas).
- Produção de subsídio para realização de debates com os povos e comunidades tradicionais de matriz africana sobre os resultados do mapeamento.
- Realização de três debates com os povos tradicionais de matriz africana com os subsídios produzidos. Serão realizados nas sete sub-regiões da região metropolitana de São Paulo, em parceria com as redes, fóruns e terreiros de forma a garantir o acesso da diversidade das comunidades.
- Negociação com o poder público e gestores dos espaços para regular o uso, preservação e/ou permanência dos povos tradicionais de matriz africana nos territórios sagrados.
- Produção de cartilha que conterá o mapeamento dos territórios com suas características, sistematização dos debates, subsídio produzido e os resultados das negociações. Divulgação e distribuição da cartilha aos terreiros.
Contexto
Os religiosos de matriz africana têm nos terreiros os verdadeiros guardiões das tradições africanas no Brasil. Estes locais tem como territórios sagrados os espaços que garantem a relação com a natureza, já que esta é o princípio da sua tradição, além de espaços onde os ancestrais destes povos constituíram suas moradias, suas tradições, seus cultos, seus festejos, seus laços de parentesco e de amizade (florestas, rios, cachoeiras, pântanos, praias, pedreiras, lagoas, mares, mangues, grutas, cavernas).
O racismo ambiental leva a expropriações de terreiros e territórios sagrados, justificadas pelas obras de infraestrutura, desenvolvimento urbano, aliadas as legislações municipais, como planos gestores das cidades e criminalização das coletas de insumos naturais.
Sobre a Organização
O Coletivo Filhos do Abassá é uma organização não governamental constituída há 47 anos com a finalidade de defender e instituir projetos que preservem a cultura e o povo Buntu. A organização procura refletir sobre os diversos significados que envolvem o fazer religioso no que se refere à ação política, ao comunitarismo, a beleza estética, a construção da coletividade, a musicalidade e corporeidade.
Parcerias
O Coletivo faz parte do Movimento Nacional Bantu – MONABANTU, Fórum de Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos Tradicionais de Matriz Africana de São Paulo, Articulação Política de Juventudes Negras, Rede de Afro Lideres do Brasil – OEA e Conselho Nacional de Juventude (SG/PR).
Resultados
Foram realizados encontros regionais dos povos tradicionais de matriz africana; levantamento de demandas presencialmente e e via web (o que possibilitou a construção de um instrumental para alcançar um número maior de terreiros); mapeamento dos territórios sagrados em conflito na região metropolitana, por meio dos encontros regionais, e da legislação que os regulamentam (consultoria); colegiado de consultores de nível universitário na área de sociologia, ambiental e historia, além de autoridade tradicional de matriz africana; produção de subsidio para debates com os povos tradicionais de matriz africana sobre os resultados; proposição de mecanismos que garantam permanência, preservação e a utilização tradicional dos territórios; e negociação com o poder público e gestores dos espaços para regular o uso, preservação e/ou permanência dos povos tradicionais de matriz africana nos territórios sagrados.