Inegra
Inegra
Ceará
Objetivos e público prioritário
Contribuir para que as mulheres negras em conflito com a lei tenham acesso à Justiça na perspectiva de ampliar a garantia dos seus direitos e reduzir o número de prisões provisórias no estado do Ceará.
Atividades principais
- Produção audiovisual sobre a situação do encarceramento e o impacto na vida das mulheres negras, envolvendo os diversos sujeitos da área jurídica, social e das próprias mulheres encarceradas.
- Publicação de relatório de monitoramento das cadeias públicas do interior do Estado do Ceará que recebem mulheres com vistas ás violações dos seus direitos humanos, garantindo escuta e diálogo qualitativo direto com as mulheres negras.
- Realização de uma campanha de incidência junto ao sistema de justiça e ao judiciário cearense em consonância com as ações a Agenda do Desencarceramento, a partir de um plano estratégico de comunicação que utilizará diversas linguagens para o diálogo com todos os atores do sistema de justiça e judiciário.
- Participação no Comitê de Monitoramento de Políticas Estaduais para Mulheres Privadas de Liberdade e Egressas da Secretaria da Justiça e Cidadania (SEJUS).
- Participação no Fórum Popular de Segurança Pública, que está em processo de constituição.
- Realização de Audiências Públicas nas temáticas relacionadas ao Projeto.
- Visitas para verificação das condições em que se encontram as mulheres negras custodiadas nas comarcas do Ceará.
Contexto
O Brasil ocupa o quarto lugar no ranking da população encarcerada no mundo, e o quinto lugar quando são consideradas apenas as prisões de mulheres. Entre 2000 a 2016, a população carcerária feminina no país cresceu 698%, passando de 5.601 para 44.721 mulheres encarceradas. Esse percentual é mais do que o triplo do crescimento da população carcerária masculina no período entre 2000 a 2014, que foi de 220%. Um agravante desta realidade é que a maioria da população carcerária é presa provisória, ou seja, não foi julgada e condenada.
No país, o percentual de mulheres presas provisoriamente é 43%. No Ceará, de acordo com matéria do jornal o Estado, veiculada em abril/2017, este percentual chega a 80%, o que denuncia que a prisão provisória não representa a exceção e sim a regra. O Instituto Penal Feminino (IPF) Desembargadora Auri Moura Costa, Ceará tem capacidade para custodiar 374 mulheres, mas na realidade encarcera cerca de 850 mulheres. As prisões provisórias geram superlotação e a superlotação agrava ainda mais a injustiça e as condições indignas de vida das mulheres.
A maioria das mulheres encarceradas no Brasil é negra (68%), jovem (49%), empobrecida, mãe (80%), tem baixa escolaridade, está desempregada e foi presa acusada de tráfico de drogas (70%), embora majoritariamente pratique o tráfico privilegiado e/ou seja usuária. A vida das mulheres encarceradas é marcada por violações desde a infância. O encarceramento contribui para o recrudescimento das violações de direito, inclusive quando as mulheres são absolvidas ou terminam de cumprir sua pena.
Sobre a organização
O Inegra foi criado em 2003 a partir da iniciativa de um coletivo de 13 mulheres negras. Atua no fortalecimento da organização política das mulheres negras no Ceará e busca influenciar na agenda política das organizações e movimentos comprometidos com a luta feminista, antirracista e anticapitalista.
A organização já foi apoiada em 2015, por meio do projeto “Pelas Asas de Maat: ampliando o acesso à Justiça das mulheres em situação de privação de liberdade no Ceará”; e em 2016, por meio do projeto “Mulheres Negras: quebrando os laços das novas correntes”.
Parcerias
Fórum Cearense de Mulheres.
Escritório de Direitos Humanos e Assessoria Jurídica popular Frei Tito de Alencar.
Laboratório de Estudos e Pesquisas em Afrobrasilidade, Gênero e Família.
Pastoral Carcerária.
Linha de Apoio
Justiça Criminal (2017/2018)
Ano
2018
Valor doado
R$ 200 mil
Duração
20 meses
Temática principal
Garantia do Estado de Direito e Justiça Criminal