Lília Cristiane Barbosa de Melo

Proporcionar o reconhecimento e valorização da identidade sociocultural da juventude periférica do bairro da Terra Firme, localizado na periferia de Belém, capital do Pará. Para isso, serão realizados saraus nas periferias da cidade, onde serão exibidos vídeos das produções artísticas da(o)s jovens negra(o)s que residem em Terra Firme, feitos durante oficinas culturais. 

• Oficinas de teatro, canto, poesia preta, artes visuais, dança e o audiovisual na escola;
• Sarau “É nós por nós”;
• Formação de Grupos de Trabalho (GTs), que atuarão diretamente na organização e formatação das oficinas;
• Encontros com as mães dos alunos participantes, com o objetivo de fortalecer o vínculo com a comunidade;
• Roda de bate-papo com poetas e artistas referência no projeto;
• Produção do documentário com imagens de registro do evento;
• Exibição do documentário em espaços considerados proibidos porque marcados pela violência contra a juventude negra do bairro da Terra Firme.

O bairro Terra Firme, localizado na região metropolitana de Belém, é hoje um dos bairros mais populosos e violentos da capital paraense. Neste contexto, a juventude negra periférica é a maior vítima. Apesar disso, os jovens desta comunidade mantém uma postura de resistência, usando a cultura como arma de enfrentamento a este contexto genocida. Terra Firme abriga diversos coletivos culturais pensados e coordenados por jovens, que atuam nas mais diversas áreas como teatro, dança de rua, cultura hip hop, Boi Bumbá, formação musical, danças folclóricas, entre outras. Sem apoio financeiro, muitos desses coletivos não possuem sequer sede própria, usando a rua como local para suas atividades, como ensaios ou eventos. A escola Brigadeiro Fontenelle está localizada no bairro e, como toda escola pública, enfrenta o desafio constante de eliminar a distância e estabelecer um diálogo próximo com a comunidade. Levar a produção cultural dos jovens para este espaço público é uma forma de integrar esses dois sujeitos importantes para o contexto local.

O Cine Club TF é uma proposta de intervenção com produções audiovisuais de jovens negra(o)s periférica(o)s, que funciona como uma ferramenta de diálogo entre as produções artísticas desses jovens, construindo um espaço de formação estética da arte cinematográfica que pretende atuar numa plataforma virtual e itinerante, não somente em sua comunidade, mas em outras escolas situadas em outros bairros periféricos da região metropolitana de Belém. Foi inaugurado em abril de 2018 após uma campanha que levou mais de 400 aluna(o)s negra(o)s da periferia para assistirem ao filme Pantera Negra. A iniciativa teve grande repercussão e gerou uma série de outras ações como ciclos de palestras, rodas de bate-papo, apresentações artísticas, sempre tendo como foco os jovens e suas produções artísticas. Com isso, foi possível que se montasse um acervo de vídeos e fotografias produzidos pelos participantes, que resultou no documentário “É nós por nós”, vencedor do Prêmio Osga na Escola, em dezembro de 2018.

Coletivos do bairro