Objetivos e público alvo
O objetivo do projeto é formar 25 comunicadores comunitários de diferentes ocupações da região de Taboão da Serra, em São Paulo, para que se apropriem da comunicação e das técnicas de Rádio como instrumentos de luta, mobilização e enfrentamento dos problemas sociais.
A proposta é que a produção de peças de rádio e a ampliação dos debates sobre a moradia, o acessos aos serviços públicos e o direito à informação e à comunicação fortaleçam a luta dos ativistas do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).
Além dos participantes do curso, que vêm da Ocupação Sudoeste (sete ocupações), de Campinas, do ABC Paulista e de Osasco, serão beneficiadas indiretamente todas as famílias dessas ocupações, os ativistas do MTST em todo o país, que vão utilizar os aprendizados multiplicados pelos participantes.
A formação servirá como intercâmbio de experiência de resistência e organização social contra violações dos direitos humanos, criando instrumentos de formação e comunicação replicáveis para outras ações e ocupações.
O curso “Rádio para uma Cidade Justa” tem a grade curricular baseada no “Comunicador Integral”, principal curso de rádio e cidadania da UNIRR, realizado desde 1995.
Atividades Principais
- Reunião entre coordenadores da UNIRR e MTST em Taboão para planejamento logístico e pedagógico;
- Encontro de abertura do curso “Rádio por uma Cidade Justa”, com a presença dos capacitadores e lideranças dos MTST para apresentação do curso e das equipes de trabalho;
- Realização de 10 oficinas de 8 horas cada – para as aulas e a produção de um programa de rádio piloto e spots. Fazem parte do conteúdo das aulas desde às técnicas para produção das peças proposta até discussões sobre ética, cidadania e direito à comunicação, e debate sobre moradia e justiça social
- Seminário de encerramento e lançamento do programa, com lideranças do MTST.
Contexto
O histórico do crescimento desordenado e injusto de grandes cidades brasileiras é marcada pelo surgimento e expansão das favelas e pela remoção dos moradores mais pobres para as periferias dos centros urbanos.
Essa política de exclusão no Brasil provocou um déficit de 23 milhões de moradias, segundo dados do próprio Departamento da Indústria da Construção da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Deconcic/Fiesp). Esse déficit habitacional se configura como um problema social histórico, pouco encarado pelos governos. E mesmo que o Governo Federal tenha, nos últimos nove anos, pautado essa questão – com os programas como o “Minha Casa, Minha Vida”, por exemplo – o problema está distante de ser solucionado. A injustiça se agrava, com a precariedade dos serviços de transporte coletivo, baixa qualidade da saúde pública nas periferias, falta de áreas de lazer e cultura nos bairros etc.
Nesse contexto, faz-se necessário que a população organizada possa interferir e denunciar o modelo de desenvolvimento urbano desenhado no país, o qual, na prática, tem como custo a violação de direitos humanos. É também fundamental que a população em geral conheça propostas consistentes e justas de um modelo alternativo de política pública de moradia.
Sobre a Organização
A União e Inclusão em Redes de Rádio (UNIRR) é uma organização não governamental, fundada em 1995, que tem por missão capacitar, assessorar e apoiar as instituições e indivíduos que usam ou queiram usar o rádio ou outros meios de comunicação para promover a construção de uma sociedade democrática e inclusiva.
Há 17 anos, a UNIRR coloca em prática a ideia de que a capacitação em rádio possibilita formação de indivíduos críticos; com destreza para a expressão oral; abertos para a convivência com as diferenças de gênero, raça, classe social, etc; conscientes de que o direito à comunicação é um direito humano básico; e preparados para os desafios de uma sociedade que precisa ser mais justa e inclusiva.
Parcerias
Integrante da Associação Mundial de Rádios Comunitárias (Amarc – Brasil), a UNIRR é também associada da Abong – Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais.
Resultados
As aulas previstas no projeto obtiveram êxito. Além disso, os coordenadores da organização participaram de reuniões preparatórias para o movimento “Periferia Ativa”. Houve a elaboração de um texto sobre comunicação como direito humano aprovado na carta de princípios do movimento.