Matriz africana na cultura e na história brasileira
Um decreto presidencial, assinado em 16 de junho de 2010, declara de interesse público e social o acervo arquivístico de Abdias Nascimento, sob a guarda do Ipeafro – Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros. O próprio documento reconhece que o acervo é “um conjunto de fontes relevantes para a cultura e história brasileira no século XX focalizando, especialmente, os direitos civis e humanos da população afro-brasileira e suas manifestações culturais, políticas e artísticas”.
O site do Ipeafro complementa: “Fonte única de informações sobre a matriz africana na cultura e na história brasileiras, nosso acervo contém imagens, documentos, obras de arte e registros áudios-visuais produzidos ou recebidos por Abdias Nascimento e pelas instituições que ele criou ao longo de sua vida ativa.”
O instituto guarda cerca de 15 mil imagens (cromos, negativos, e ampliações fotográficas), documentos textuais, 720 peças museológicas e 600 obras de arte sendo aproximadamente 200 de Abdias Nascimento. O material se divide em cinco seções: Teatro Experimental Negro (TEN), Museu de Arte Negra (MAN), Atuação política de Abdias Nascimento, Biografia e Produção Intelectual de Abdias Nascimento e Ipeafro.
Para conservar e garantir o acesso da sociedade em geral ao acervo, todo o material vem sendo catalogado e recebendo tratamento técnico para a criação do Acervo Digital.
Sobre Abdias Nascimento
Nascido em 1914 na cidade de Franca (SP), Abdias Nascimento é um dos mais importantes ativistas brasileiros na luta contra a discriminação racial. Durante toda a sua vida relatou práticas de racismo contra comunidades afrodescendentes no Brasil e no mundo. Foi um dos fundadores da Frente Negra Brasileira e criador do Teatro Experimental Negro. Foi Deputado Federal, Senador da República e Secretário de Defesa e Promoção das Populações Afro-brasileiras do governo do estado do Rio de Janeiro. É artista, escritor e poeta.
Um dos instituidores do Fundo Brasil de Direitos Humanos, Abdias Nascimento foi indicado a receber o Prêmio Nobel da Paz pelo cientista político Clóvis Brigagão. No final de 2009, mais de 100 cartas formais de endosso à indicação foram remetidas ao Comitê do Prêmio, na Noruega. Outras 557 pessoas, de 342 organizações, assinaram um apelo ao Presidente Lula para oficializar a indicação. A avaliação do Comitê está em curso e o anúncio deve ser feito até outubro.