A partir do conceito da comunicação enquanto um direito humano e da necessidade iminente de sua democratização, o Fundo Brasil realizou em 4 de dezembro, em São Paulo, a Roda de Conversa “Comunicação e Direitos Humanos”.
Com a participação de Ciro Barros, da Pública – Agência de Reportagem e Jornalismo Investigativo; Jackeline Romio, blogueira do Banho de Assento; Luís Otávio Ribeiro, do Catarse; Maria Elena de Araújo Silva, do Movimento Xingu Vivo; e Rita Freire, da Ciranda da Informação, o evento proporcionou aos participantes um espaço de diálogo que abordou a relação entre direitos humanos e comunicação a partir de uma diversidade de experiências e de diferentes instrumentos e práticas de comunicação para a efetivação de direitos econômicos, sociais, ambientais culturais, civis e políticos.
Rita Freire abriu o debate dando um panorama sobre e luta pelo direito à comunicação. “Os canais de comunicação pertencem à sociedade e não a poucos grupos”. As regras para as concessões de rádio e tevê, o compartilhamento de tecnologias, e o monopólio das mídias foram algumas das pautas. “Se eu não me comunicar eu não posso existir enquanto ser humano. Isso não é uma discussão só do meu movimento, mas sim de todos os outros”, enfatizou.
Seguindo a linha de dar voz e visibilidade a temas importantes para a sociedade, com independência financeira e editorial, a Pública – Agência de Jornalismo Investigativo esteve presente compartilhando suas histórias e experiências. Para Ciro Barros, autor das reportagens especiais da Copa Pública, ainda existe um preconceito por parte de alguns colegas com os movimentos sociais, mas cabe ao jornalista criticar a informação que recebe e investigá-la. “Faz parte do jornalismo cidadão ouvir as demandas da sociedade civil organizada”.
Falando de autonomia e mobilização, Luís Otávio Ribeiro ofereceu um panorama sobre o crowdfounding no país, contando como o Catarse financia projetos a partir da base de contatos de cada interessado. Segundo Luís, a ideia de um prazo determinado para se alcançar uma meta desperta nos apoiadores um componente psicológico: a urgência. “A ideia é que você coloque campanhas que tenham um objetivo comum mobilizador”. As pessoas funcionam como um amplificador, na medida em que divulgam as causas e agregam novos simpatizantes.
Jackeline Romio e Maria Elena de Araújo Silva contaram aos presentes suas dificuldades e conquistas enquanto ativistas. Ambos os projetos ganharam importância política por meio da internet.
O Movimento Xingu Vivo, projeto apoiado pelo Fundo Brasil em 2013, e liderado por populações indígenas, ribeirinhos, pescadores, agricultores, por exemplo, conta com a colaboração de voluntários que recebem os relatos das atividades na Amazônia, onde as reuniões e mobilizações acontecem graças a telefonemas e recados, e os transformam em matérias. Vídeos e outros materiais de divulgação também foram conseguidos graças aos parceiros conseguidos online.
Já o blog Banho de Assento, de Jackeline, traz para o cotidiano das mulheres, em sua maioria negras e moradoras da periferia, questões relacionadas à saúde, violência e direitos. A ideia é divulgar atividades e pautas via militância virtual, associando temas do dia a dia a visão feminista negra.
A Roda de Conversa “Comunicação e Direitos Humanos” fez parte da programação do VII Encontro de Projetos, realizado anualmente, e que reúne os representantes das 20 iniciativas apoiadas pelo Fundo Brasil por meio do edital anual 2013. As atividades integram o projeto “Fortalecendo o protagonismo de redes e articulações na promoção de direitos humanos no Brasil”, patrocinado pela Petrobras.