Defensora dos direitos humanos e da reforma agrária, Dorothy Stang recebeu muitas ameaças de morte ao longo de sua trajetória, mas decidiu não abandonar as famílias de pequenos agricultores que lutam para sobreviver na floresta amazônica. Ela foi assassinada com seis tiros em fevereiro de 2005 e transformou-se em um símbolo da resistência contra a degradação da floresta e os ataques ao modo de vida das trabalhadoras e trabalhadores rurais.
A missionária, americana naturalizada brasileira, morta por encomenda de fazendeiros da região, é uma das homenageadas pelo Fundo Brasil na nova fase da campanha “2018 Com Todos os Direitos”, realizada desde o final do ano passado. Dessa vez, a mobilização tem como foco as mulheres que encaram inúmeros desafios na busca por uma sociedade mais igualitária para todas e todos.
As pessoas que participarem da mobilização terão acesso a cinco imagens de mulheres protagonistas de diversas lutas relacionadas aos direitos humanos. São imagens que podem ser coloridas e transformadas em quadros, o que é uma forma de eternizar as histórias e os combates dessas lideranças.
Além de Dorothy, há imagens de Frida Kahlo, artista mexicana que retratou temas como aborto, bissexualidade e maternidade; Nina Simone, pianista, cantora e compositora americana famosa pelo ativismo contra o racismo e a desigualdade social; Pagu, jornalista, escritora e feminista brasileira; e Simone de Beauvoir, escritora, filósofa, teórica e feminista francesa.
A campanha busca mobilizar a sociedade para que as mulheres, protagonistas de muitas lutas, não caminhem sozinhas e contem com apoio para serem fortalecidas e alcançarem mais resultados.
Realidade
Entre as lutas que têm mulheres à frente está o enfrentamento ao genocídio da juventude negra. Todo ano, mais de 23 mil jovens de 15 a 29 anos são assassinados no Brasil. São 23 por dia, um a cada 23 minutos. Mães, irmãs, companheiras e filhas se unem para exigir justiça, cobrar providências e ajudar outras famílias.
Nos quilombos, territórios indígenas e outras comunidades rurais, as mulheres são ameaçadas, perseguidas, agredidas e, mesmo assim, resistem para defender o direito à terra, aos recursos naturais, ao modo de vida tradicional e à promoção do trabalho digno para elas e suas famílias.
Nas cidades, enfrentam a violência urbana e a doméstica e o avanço lento das políticas públicas específicas: apenas 7,9% dos municípios brasileiros contavam com delegacia especializada no atendimento à mulher em 2014. Isso em um país em que ocorre um estupro a cada onze minutos e uma mulher é assassinada a cada duas horas.
Além de tudo isso, o machismo estrutural da sociedade brasileira obriga as mulheres a acumularem afazeres, o que muitas vezes atrapalha a participação delas nos espaços políticos, fundamentais para as transformações do país.
Por isso, o apoio às organizações, grupos e coletivos que defendem os direitos de todas e todos e contam com a força das mulheres é essencial.
Para participar da campanha e ganhar as ilustrações, clique aqui.